Talking Dead
Talking Dead Fear Edition #3 – Rubén Blades, Jesse Borrego e Drew Scott
Daniel Salazar está de volta, provando de uma vez por todas que ele é o homem mais difícil de matar em todo o Apocalipse. Seus novos amigos, Efraín e Lola, o salvaram da morte certa. Ele sobreviveu a um ataque de uma infectada que estava indo para uma rave, ela usava roupas festivas, creio. Então, um raio atingiu outro infectado, salvando Daniel de novo. Então, ele surgiu no posto de Dante, e sozinho, derrotou o barão da água e conseguiu controle da represa. Mas o que Daniel fará agora? Ele vai procurar por Ofelia? Vai ficar do lado de seus novos amigos? O que ele fará com Strand, que ele claramente não confia? Será que Daniel é imortal? É bem possível.
No Talking Dead de hoje, temos um dos “Irmãos à Obra”, Drew Scott, Jesse Borrego, que interpreta o novo personagem, Efráin, e o próprio Daniel Salazar, Rubén Blades.
Chris Hardwick: Eu adorei tanto esse episódio. Esse episódio parecia um pouco Breaking Bad, assistindo o Daniel nessa posição, de ter que fazer coisas horríveis pelo bem maior. E nada é de fato bom ou ruim, é só questão de sobrevivência. Quando você descobriu que Daniel ia voltar?
Rubén Blades: Não tinha certeza. Achei que ele pudesse voltar devido a forma ambígua que foi. Mas a AMC é muito sigilosa e discreta. Eles até podem dizer que você vai voltar, mas só.
Drew Scott: Me agradeça, não é Deus que está protegendo Daniel, sou eu, rezei tanto que ele voltou. De nada, pessoal, de nada.
Rubén Blades: Não tinha certeza, mas torci para voltar.
Chris Hardwick: Porque no fim da última temporada, poderia ter sido o fim. Não sabemos o que aconteceu, teve um incêndio. E assistindo-o… Ele é um sobrevivente, e o que mais gosto nele, algo que veremos mais ainda no programa, é que ele realmente tem uma alma e não está bem com tudo que fez.
Rubén Blades: Sim, é um episódio interessante, porque em muitos momentos, ele mostra consciência espiritual. E também… ele foi poupado. Como ele já disse, “meu Deus, podia ter morrido em vários momentos no episódio inteiro.” Então há uma mudança ocorrendo nele.
Chris Hardwick: Eu imagino se ele acha, por um certo ponto de vista, que o fato dele ter perdido todos que ama, mas não conseguirem matá-lo, é quase uma punição. Ele foi quem restou e quem deve lidar com a perda e sabendo tudo que já fez.
Rubén Blades: Provavelmente essa é uma das razões de ele ficar pedindo perdão. Eu acho que ele achou um novo sentido das coisas no meio de toda tragédia que a suposta morte de Ofelia representa. E que ele causou isso. Mas fiquei chocado com o fato de ele rezar. Ou que ele reconheceria algo além da realidade.
Chris Hardwick: E claramente, que algo continua salvando-o. Drew, qual foi sua reação ao vê-lo vivo?
Drew Scott: Eu urinei nas calças de tanta animação, porque ele é um dos meus personagens preferidos. Eu fiquei muito feliz. E o fato de que ele continua sendo salvo, acho que há uma força maior que tem uma missão para ele. Acho que é isso, e apesar dele ter… Ele pensa muito nas coisas ruins que ele fez no passado, e que ele não merece viver, que ele busca perdão. Acho que há uma força maior que diz, “você tem um lugar aqui, e algo bom virá disso”.
Chris Hardwick: E, não sei se foi uma referência intencional, mas… Aliás, bem-vindo, Efraín. Excelente trabalho. Havia uma questão presente no outro Walking Dead, que era quantas pessoas você matou. Você perguntou isso, acho que foram 96, foi isso? Mas ele sabe de cara o número. Foi uma escolha bem específica. Porque se ele não soubesse… Assim, ele diz ao Dante, “nossa, já perdi a conta”. Mas ele sabe quantas pessoas matou. Então, Jesse, o que você acha que seja a significância da maneira que Efraín mata os infectados?
Jesse Borrego: Eu acho que o personagem em si tem uma alma do velho mundo, que era sem-teto e estava lutando na sociedade normal e civilizada, mas seu passado possui uma certa invocação espiritual. Talvez ele fosse um seminarista. Acho que essa vivacidade espiritual o faz passar pelo início do Apocalipse, é o que o mantém verdadeiro. Quando ele percebe o que está acontecendo e a necessidade de matar essas pobres almas, ele retém esse senso de sacramentalidade da vida. Então, ele não os vê como mortos-vivos. Ele os vê como pobres almas, e nesse sentido, ele os envia para um lugar melhor. Ele desenvolve esse mantra de abençoá-los, apesar de fazer isso com mezcal, sabe?
Drew Scott: Tenho uma sugestão mais voltada para área da construção. Quando for atacado, uma pistola de pregos seria boa. Mais rápido, funciona do mesmo jeito.
Jesse Borrego: Pistola de pregos, talvez uma d’água. Prego e água, prego e água.
Chris Hardwick: Estando em um Apocalipse, Drew e Jonathan Scott são os caras que você vai querer estar com. Eles saberiam checar os locais. Por exemplo, “precisamos de um solário para o Apocalipse”.
• Tradicionalmente, no final do segundo bloco do programa, o quadro In Memorian (Em Memória) homenageia os mortos durante o episódio.
– Infectado: Em cheio!;
– Infectado: Um passeio com Efraín;
– Infectado: Acertando com a muleta;
– Infectado: Castigo celeste;
– Infectado: Segurança do trabalho de Daniel;
– Pablito;
– Capangas do Dante;
– Dante;
“Nossa Daniel… É ótimo tê-lo de volta.”
“Rubén é um dos atores mais convincentes, por causa do histórico dele, como músico, advogado, candidato a presidente, tudo isso, ele é bem convincente. Toda essa experiência de vida, não dá para treinar isso. E trabalhar com o Rubén, a forma como nos aproximamos, foi uma linda dança. E assim como eu, ele trabalha duro, nós ensaiamos. Nós lemos, e tentamos captar todo pequeno detalhe, e conversamos sobre isso. Então, quando chegamos ao set, está tudo vivo, e pode mudar, é um fluxo constante. Rubén Blades, Daniel Salazar, está de volta!” – Colman Domingo (Victor Strand)
Chris Hardwick: Olha, esse episódio sozinho podia ser um filme inteiro. Assistir a jornada dele esse tempo todo, foi tão… Adorei também que foi em espanhol. Deu um toque especial.
Rubén Blades: Isso é muito interessante, porque, não tenho certeza, mas acho que esse foi um dos poucos programas em rede nacional que foi todo em espanhol. E com legendas, e isso tudo é incrível. Um episódio todo em espanhol. Estou muito feliz com isso.
Chris Hardwick: E isso deu um toque especial também, porque teve momentos em que Strand, por exemplo, quando estava falando com ele, mas de resto… Você acha que atuar falando inglês é diferente de atuar falando espanhol?
Rubén Blades: Acho que é a mesma coisa. Não acho que seja a mesma coisa cantar em inglês e em espanhol. Não sei por quê. Mas é outra questão interessante, porque nunca havia atuado em espanhol antes. Nunca mesmo. Nunca fiz tanta coisa como agora, em cinema ou televisão. Foi muito interessante. A forma como o diálogo é posto, é tudo bem coerente. Não é tão diferente.
Chris Hardwick: Não sei se vocês sabem, mas Rubén se candidatou à presidência do Panamá. Isso é incrível. Como isso afetou sua carreira? Obviamente, entrando na política, você tem que deixar a carreira de lado. Como foi isso?
Rubén Blades: Bom, algo engraçado sobre isso, foi em 1994. Na época, antes da campanha, estava morando na Califórnia, passeando com meu cachorro. E o ator Michael Keaton esbarrou comigo na rua, e disse, “é verdade que vai se candidatar para presidente no Panamá?” E respondi, “talvez”, aí ele olhou para mim e perguntou, “Por quê?” Então eu senti que devia retribuir de alguma forma. Eu sinto que todos nós devemos participar e ajudar uns aos outros. Acho que no processo político é o jeito perfeito, em uma democracia. E quando saí, saí mesmo. Eu trabalhei no governo por cinco anos, não fazia turnês, não escrevia músicas, álbuns, nem filmes, nada. Trabalhei cinco anos. Perdi meu agente, tudo. Algumas pessoas pensavam que eu estava morto. Na internet, estavam perguntando, “ele morreu?”
Drew Scott: Então essa foi a prequência para essa temporada.
Chris Hardwick: Essa foi a prequência, Daniel Salazar trabalhando para o governo. É, passando projetos de leis.
Rubén Blades: Eu só quero dizer, obrigado, Colman. Um cara incrível.
Chris Hardwick: Sim, obrigado, Colman. Ele é demais. Jesse, o que os fãs ficariam surpresos de saber sobre trabalhar com Rubén?
Jesse Borrego: Principalmente, que ele é muito profissional. Eu era só um fã dele quando o conheci. Sempre fui fã da carreira musical dele. E em 1994, quando se candidatou, em San Antonio, Texas, ele tinha acabado de fazer um show lá. E a comunidade latino-americana inteira estava o chamando de “o presidente”. E, então, eu pude conhecê-lo, ele acredita mesmo naquilo que canta. Ele tem consciência social. Mas também pude trabalhar com ele em um filme da Salma Hayek, “The Maldonado Miracle”, em que ele recebeu uma indicação ao Emmy. Eu já tinha visto o trabalho dele como ator, aí eu fiquei meio impressionado, não queria que ele soubesse. Mas, imediatamente, ele queria ensaiar a cena. Discutir o ritmo dela, e eu sou assim também. Conhecer alguém que não foi criado no meio técnico do teatro, foi incrível conhecer alguém assim. E ele tem histórias incríveis que ele compartilha com todos. E nós adoramos isso. E ele me contou uma história de ter produzido uma música em espanhol para Michael Jackson. Ele produziu e fez o arranjo da única música em espanhol de Michael Jackson. Qual era o nome da música?
Rubén Blades: A música se chama “I Just Can’t Stop Loving You”. Mas eu passei a letra para espanhol e o treinei. Trabalhamos juntos por três dias. É a única música em espanhol que Michael Jackson cantou.
Chris Hardwick: Como era o espanhol dele?
Rubén Blades: Excelente. Ele era uma pessoa maravilhosa para se trabalhar, muito profissional. Ele queria fazer muito bem, treinou bastante. Foi um prazer trabalhar com ele.
Chris Hardwick: Gosto do personagem do Efraín porque, normalmente, quando vejo alguém que parece ser magnânimo, eu penso, “não confio nele, ele vai aprontar algo”. Não dá para confiar. Se alguém é legal demais, generoso demais… Quer dizer, você confia nesse personagem?
Drew Scott: Primeiro, você pensa, “olha esse cara sendo bem legal”, e depois, no poço, quando não tem água, você pensa, “ele tem alguma coisa, ele vai te cortar ou te comer”. Mas, admito, tem algo em você, no personagem… Efraín é confiável. Dá pra ver sua honestidade. E também na forma que ele está “matando os mortos”, com os pregos, os mandando para um lugar melhor. Isso mostra que ele é uma pessoa boa.
Chris Hardwick: É, falaremos mais sobre isso depois, mas ele parece entender quando Daniel tenta lhe dizer, “ou eu te mato, ou todos morrem”. Ele sabe que é uma situação horrível, mas ele parece estar disposto a se sacrificar.
Jesse Borrego: Novamente, vindo de um mundo pré-apocalíptico, onde ser um sem-teto já é estar no Apocalipse. Ele já traz esse instinto de sobrevivência com ele, mas não de uma maneira predatória. Para ele, é como ser Obi-Wan Kenobi nesse mundo. E transcender a realidade para manter essa espiritualidade, e é isso que ele traz para o cotidiano desse mundo pós-Apocalipse.
• ENTREVISTA COM A PRODUÇÃO E O ELENCO:
“O que estamos fazendo aqui é a cena 6, do episódio 4 da 3ª temporada de Fear the Walking Dead. É um tipo de cena de ação. Há carros incendiando, uma bicicleta andando no mercado.” – Alex Garcia Lopez (diretor)
“Efraín e Daniel vão fazer umas manobras evasivas nesse triciclo. Instalamos um carro de reboque para o departamento de câmera prender o triciclo no carro de reboque. Assim, eles podem fazer mais manobras agressivas com segurança.” – Frank Iudica (supervisor de efeitos especiais)
“Isso é um carro elétrico. É como um carrinho de golfe, pode pôr a câmera como quiser. Vamos usar a Steadicam. Vamos usar as mãos. O bastão saindo do carrinho, ele acertando o zumbi, todas essas cenas serão feitas do carro elétrico.” – Chris LaVasseur (cinegrafista)
“Queria mostrar que a jornada dele é bem visceral, então varias tomadas são bem próximas a sua face, apresentadas pela perspectiva do Salazar.” – Alex Garcia Lopez (diretor)
“Tijuana é um lugar bem interessante, estamos atentos as reações temerosas de Daniel enquanto ele anda pelas ruas. No script, estamos chamando de slalom de zumbis.” – Alan Page (roteirista)
“É como um passeio pelo parque de diversões. Você anda, aparecem os zumbis. Eles estão vindo. Você vai para aquele lado, mas tem mais ali também. É tipo Halloween. Talvez a AMC faça um parque temático de Fear the Walking Dead, ponha umas pessoas em uma grande bicicleta também. Foi bem legal, eu me diverti muito.” – Rubén Blades (Daniel Salazar)
Chris Hardwick: Espero que alguém da AMC tenha notado aquilo, porque eu com certeza iria.
Rubén Blades: Foi uma versão primária do Uber. Quando estávamos fazendo isso, na verdade… Eu sei o que estou fazendo, mas não era para eu saber. E você está no meio daquilo e é tudo tão rápido. E esse cara está pedalando. Ficamos presos uma vez, mas antes, estávamos pedalando, e tínhamos que ter cuidado. Eu estou lá em cima, e estou assim. De repente, vem um cara, chega perto, bem perto, e esse aqui o acertou. E eu fiquei bem assustado. Não esperava que fosse tão perto.
Drew Scott: Era só o serviço de comida. (risos)
Chris Hardwick: Sim, entregando um sanduíche. Como foi para você, filmar essa cena?
Jesse Borrego: Foi legal. Como ator, você olha para a situação, principalmente cenas assim com muitos dublês. Você se preocupa coma segurança, mas você entra de cabeça. Tenta achar maneiras de dar vida a isso. E todos os incríveis elementos da equipe de produção, dublês, os figurantes como zumbis. Você entra nesse ritmo colaborativo. E o principal para mim foi, porque eu já tinha testado aquilo, a dificuldade de pedalar, quando ganhava velocidade, e alguns dos ângulos que estávamos cruzando, estava preocupado com a segurança do Rubén. Então, quando percebi que ele estava no lugar mais seguro, aí o resto de nós caiu dentro. E concordo, seria um passeio bem divertido.
Chris Hardwick: Com certeza. Também adorei a cena do corte de cabelo, porque Daniel, para mim, é um cara que… O fato de ter virado barbeiro quando ele foi para o EUA, sabe, recomeçar a vida, proteger sua filha, e o barbeiro é aquele que limpa a sujeira do outro, e foi para isso que Daniel foi treinado a fazer. Esse momento foi incrível, porque ele está te salvando com as habilidades dele, e você está fazendo algo para ele, como uma troca de favores, um cuidando do outro, concorda comigo?
Rubén Blades: Eu concordo sim, e essa foi uma das primeiras vezes que vi Daniel Salazar agradecer e fazer algo para alguém que ele achava que o faria feliz. Foi aquele momento em que ele resolve retribuir. E foi um desses momentos durante o episódio inteiro onde ele está se preocupando com outra pessoa e tentando fazer algo para outra pessoa por conta própria. Isso foi muito legal.
Drew Scott: Acho que foi uma troca justa. “Me salvou da morte, vou cortar seu cabelo”.
Chris Hardwick: Ficou meio desleixado, os lados ficaram desiguais.
Rubén Blades: Foi um corte profissional!
Drew Scott: Ficou bom, agora só corto o cabelo com Daniel Salazar.
Rubén Blades: Rodeo Drive, eles cobram por isso.
Jesse Borrego: Mas também teve o retorno da humanidade. Eu retornei para vida dele, ele para a minha. É um sinal de humanidade que Efraín não tinha há tempos.
Chris Hardwick: E confessar… Digo, raramente vemos Daniel se abrindo. E com esse completo estranho, ele fica… Drew, por que você acha que ele teve a necessidade de confessar?
Drew Scott: Eu acho que há culpa demais formada durante os anos, já havia mostrado flashbacks antes. Não sabíamos se Daniel estava morto ou não. Mostrou o que ele já havia feito em seu tempo de militar. Há muito arrependimento, e ignorância também, ao perder sua mulher e tudo mais. Acho que ele está à procura de perdão, de aliviar a dor. Gostei desse momento. Achei que foi bem sensível. Não vou admitir que chorei, mas… Minha noiva vai dizer o que eu fiz. Mas foi um grande momento.
Chris Hardwick: Parece mesmo que ele está pronto para desistir, que ele só quer ser perdoado antes de morrer.
Rubén Blades: Sim, foi um tipo de adeus. Tipo, “quer saber? Fiz algo bom”. E a outra coisa, é que ele bebeu. No meu histórico, sabe, Salazar não quer beber. Ele provavelmente tem uma história com bebidas. E o senhor beberrão aqui, ele me provoca para beber sempre. E naquela noite, bebi, de fato. E pensei, como você disse, é como o fim, estou indo embora. E ele sabia que estaria indo, então foi um tipo de adeus.
Chris Hardwick: Mas então, teve o lance do raio. Você acha que isso simboliza algo?
Rubén Blades: Vou dizer, quando li aquilo, fiquei bem surpreso. Eu voltei, li de novo, e pensei: “Meu Deus, um raio?”. Nunca tinha visto isso antes.
Chris Hardwick: Nunca tinha acontecido em um programa do Walking Dead.
Rubén Blades: Eu não esperava por isso. Acho que ele ficou bem confuso, pois, veja, ele sobreviveu ao incêndio. Depois àquela mulher que ia comê-lo. Que depois preferiu comer um cão porque ele estava mais apetitoso. E depois ele foi salvo, acho que ele ia morrer debaixo do carro.
Chris Hardwick: Sim, eles arrancaram a infecção.
Rubén Blades: Nossa, aquele corte foi… Foi duro. E a minha perna ainda está… Dizem que vai passar logo. (risos)
Jesse Borrego: Ele ficou mordendo minha mão, toda vez que entrava.
Rubén Blades: E então tivemos esses momentos em que ele quase morreu. Ele está começando a achar que é poupado por uma razão. Isso o deixou mais espiritual. O abriu para mais coisas, tipo, “vou cortar o seu cabelo”.
Drew Scott: Mas o raio não foi tão assustador quanto aquele cara de zumbi.
Rubén Blades: Aquele cavalheiro, se ele estiver vendo, foi tão legal. E não é essa a história? Quanto mais legal, melhor, sabe? Parecia aquilo mesmo sem maquiagem nenhuma. Quase, ele era grande. E ele se impunha também, sabe? Tenho certeza de que ele é bem mais bonito. Mas quero dizer que ele é um cara grande.
Chris Hardwick: Foi ótimo. Um ótimo jeito de acabar com um morto. E ver a cabeça dele brilhando que nem uma bola de fogo foi bem legal para todos.
• Durante o quadro Inside the Dead ficamos conhecendo algumas curiosidades sobre o episódio:
– A equipe criativa escolheu lente grande-angular extrema para chegar o mais perto possível de Rubén Blades. Eles se inspiraram na técnica usada no filme “O Regresso”.
– O canal do Rio Tijuana também é conhecido como “Cartolandia”, pois seis mil famílias já viveram ali em casas de papelão. O personagem Efraín foi criado da ideia de que um sobrevivente sem-teto teria muita habilidade.
– O álbum de fotos que Daniel encontra na verdade, é da produtora Luísa Gómez de Silva. Ele continha artigos sobre ela e fotos de sua Primeira Comunhão.
• Pergunta feita por um fã da plateia (Robin): “Drew, se você vivesse no mundo deles, que tipo de complexo à prova de mortos os Irmãos à Obra teriam?”
Drew Scott: Teria de ser uma casa inteligente. Ecológica é muito importante. Vejamos. Conceito aberto, para ver os mortos entrando. Provavelmente faria um fosso só pela segurança a mais. Vou pensar mais um pouco e te falo.
Chris Hardwick: Já te pediram para botar um fosso em uma casa?
Drew Scott: Já, na verdade. Eu e Jonathan, uns anos atrás, fizemos um concurso para os fãs, e um dos prêmios seria o Jonathan botar um fosso em volta da casa, ou o prêmio em dinheiro, ou ganhar mobília. A pessoa quase escolheu o fosso. Fale: “Você não está acrescentando valor aqui”. Mas ela respondeu: “Isso é tão legal”.
Chris Hardwick: Quando se procura uma casa, a 1ª pergunta é: “Cadê o fosso?”.
– A fã que fez a pergunta ganhou um triciclo igual do Efraín.
Chris Hardwick: O que significa para Daniel de Dante saber quem ele era?
Rubén Blades: Bom, não é bom ser descoberto. Mas ao mesmo tempo, isso lhe dá outra oportunidade para sobreviver. E de repente, assim, ele sabe como esses caras eram. É um arquétipo. Esse cara vive cercado de pessoas, agindo como se ele fosse grande coisa. Ele já tinha visto aquilo em El Salvador. Ele conhece a fraqueza desse tipo de pessoa. Então ele ter sido descoberto e a admiração que esse cara está concedendo a ele dado seu histórico como Sombra Negra. Ele sabe que tem um jeito de sobreviver e talvez um jeito de ajudar Efraín e Lola. Por isso que uma hora ele olha para ela daquele jeito.
Chris Hardwick: Fiquei bem animado, porque quando se assiste muita coisa, você fica experiente, tipo, “a tomada está ampliada, então algo vai acontecer”. Mas quando o cara enfia o dedo no seu “pão de carne”… Aí a câmera vai, e penso, “Vamos ver Daniel Salazar agora. Vamos ver suas habilidades, o que ele é e quem ele é.” E você disse que Daniel teve uma fala incrível na temporada passada, onde ele diz, parafraseando, que ele já conheceu muita gente perigosa, e o que todos tinham em comum é que eles não precisavam dizer o quão perigoso eles são. E isso é muito quem Daniel é, e provavelmente por isso que os capangas o subestimaram.
Rubén Blades: Com certeza. Lembram-se dele no escritório da Lola? Ele é humilde. Ele é quieto. Ele vai se fazer de bobo e quieto. “Não vou dizer nada. Sim, senhor.” Nada. Aí, esses caras ficam achando, “que fracote”. Mas não se mexe com a carne enlatada de um homem.
Drew Scott: Essa é a primeira regra entre os homens.
Chris Hardwick: Depois do apocalipse, já é recorrente. Você é um milionário da carne se tiver uma. Mas a cena do interrogatório foi incrível. Uma cena incrível para ambos. Do seu ponto de vista, Jesse, o que foi aquela cena?
Jesse Borrego: Foi maravilhosa, porque é a culminação de nossa jornada, e principalmente da jornada de Daniel para esse momento importante onde ele tem que trair seu amigo ao salvar Lola e tentando manter o segredo de onde a água está vindo. Mas ele talvez tenha que matar seu amigo. E é um momento bem íntimo e pessoal entre eles onde ele me fala, “o melhor que posso fazer para você, é matá-lo rapidamente”. E então há um momento de redenção onde olhamos um ao outro, e ele pede por perdão, mais uma vez, no meio dessa coisa horrível que ele vai cometer. É uma cena muito importante, e foi a primeira que filmamos, pela agenda da produção. É uma cena bem física, sabe, com o sangue e a tortura. Como atores, isso nos aproxima quando temos que fazer algo tão difícil logo de cara. E foi ótimo para nós, porque como disse, ele adora conversar a respeito, ensaiar e entender o ritmo emocional. Então foi importante para nós fazer logo a parte difícil, porque foi muito exigente fisicamente. Foi à noite, e estava frio onde estávamos em Tijuana, lá na “Presa”, na represa. Tinha elementos de água, de sangue, elementos físicos. Então, para nós, foi bom poder chegar ao fim antes e lidar com essa dificuldade. E pelo resto da tomada, conseguir mostrar essa jornada emocional, que é muito importante para esses personagens.
“Victor Strand é um espectador olhando esse homem que ele pôde conhecer antes. Ele é um homem frio. Um matador frio. E ele está imaginando o que vai acontecer com ele. E ele não tem certeza se eles ainda são amigos. Mas para sua surpresa, ele não abandona Victor Strand. Não é que ele se importe com Victor, creio. Acho que ele precisa de algo. Precisa saber onde está sua filha, e Victor diz que sabe disso, o que é meio que uma verdade alternativa. Sabe? Fatos alternativos, verdade alternativa. Ele meio que deixou de falar algumas coisas, que ele não sabe onde ela está. Então, veremos o que acontece.” – Colman Domingo (Victor Strand)
• MENSAGEM DE MERCEDES MASON (OFÉLIA):
Chris Hardwick: Se não fosse pela Ofelia, você acha que Daniel teria ajudado ou falado com Strand?
Rubén Blades: Acho que não. Porque Salazar sabe que Strand tem muitos recursos. Lembram na primeira temporada, quando estávamos naquele hospital improvisado? Teve uma hora em que as únicas pessoas tentando nos defender eram Salazar e Strand. Então, nessa hora, Salazar viu que Strand sabia usar uma arma. E ele estava afiado, mas ele não confia nele, não é confiável.
Chris Hardwick: Bom, Strand normalmente tem o controle das situações, e ele é bem calculista. E vê-lo ficar meio nervoso, ele vai além, sabe, quando ele diz, “Ela está esperando por você”. Esse é aquele momento tipo, “espera aí”!
Rubén Blades: Foi aí que eu o peguei. Porque primeiro ele disse, “todos pensamos que estava morto”. “Todos nós”, até Ofelia. E eu estou acreditando, estou falando, “nossa, ela está viva”. Aí ele vem, e ele fala, “ela está esperando por você”. E eu fico tipo… “Seu mentiroso. Quer saber, você vai morrer.” Vou te cortar.
Chris Hardwick: Alguém vai. Mas então, todos são salvos, menos Pablito. Pobre Pablito é jogado lá de cima.
Rubén Blades: É, isso foi horrível. Mas, novamente, eu contei para todos o que ia acontecer. Sabe, Salazar fala às pessoas, “não faça isso, ou isso vai acontecer”. Ele falou para Efraín. Falou para Lola e Pablito. Foi só mais um. Ninguém escuta. Foi triste ver.
Chris Hardwick: Foi muito triste. E eu achei que a tomada… foi horrível de assistir, mas a tomada foi incrível.
Drew Scott: Eu diria que mostra que… Obviamente, Salazar não gostaria de ficar matando gente inocente. Mas ele tem que ser calculista. Não dá para tomar essas decisões para sobreviver ou ajudar a maioria das pessoas. Deve-se tomar essas decisões para salvar mais pessoas. Então é o mesmo, se Efraín fosse ser sacrificado para salvar mais pessoas, a Lola.
Jesse Borrego: E o Daniel tem que tomar essas decisões difíceis.
Chris Hardwick: Mas até no fim, achei lindo ele pedindo perdão a Lola. Ele só quer que alguém o perdoe.
Rubén Blades: Sim, ele é torturado pela culpa. E acho que ele não quer perder a cabeça de novo. Ele só quer expressar toda a culpa que tem e no fim está implorando. Ele só quer se redimir. “Alguém fecha essa porta para mim, porque quero seguir em frente.”
Prévia do próximo episódio:
Chris Hardwick: Drew, você acha que… Acho que muitas pessoas querem saber disso. Você acha que Daniel deve ficar na represa ou ir à procura de Ofelia?
Drew Scott: Acho que se Daniel sair de lá, alguém pior que Dante vai chegar e tomar controle, então acho que seria melhor ficar lá para ter o controle de tudo. Mas eu acho que ele vai seguir seu coração.
Chris Hardwick: Você devia ser o novo barão da água! Fala sério. Qual é sua opinião sobre o rancho da família Otto?
Drew Scott: Então, a questão é… O pai da família Otto tenta agir como se fosse cavalheiro, ajudando a todos, mas dá para ver que ele é babaca. Aí, por exemplo, tem o Jake, que parece ser um ótimo filho. O Troy parece ser o maluco. Na minha opinião, é que no fim, o Troy será mais verdadeiro. Ele se tornou amigo do Nick, e ele que vai ser o filho bom. Jake é o grande vilão do mal.
Chris Hardwick: Talvez. Também acho isso um pouco, ele é legal demais.
Drew Scott: Pois é! Não dá para confiar em gente legal.
Chris Hardwick: Você vai voltar a fazer turnês, certo?
Rubén Blades: Sim, vou para a Espanha, fazer uns shows lá com a banda. Lancei um álbum recentemente. Se chama “Rubén Blades: Salsa Big Band”. É um som amplo, como nos velhos dias de swing.
Chris Hardwick: Para quem te conhece só do programa, devia pesquisar sobre você, porque sua vida é bem interessante e você já fez tantas coisas incríveis. É muito inspirador para alguém que se sente tipo, “eu quero fazer isso agora”, ou, “minha paixão é essa, é isso que seguirei”. “Eu tenho interesse por política, nisso que vou seguir”. Mas é ótimo tê-lo de volta.
NO PRÓXIMO TALKING DEAD:
Nicole “Snooki” Polizzi e dois membros surpresas do elenco
Fear the Walking Dead vai ao ar aos domingos, às 22h, e o Talking Dead Fear Edition vai ao ar nas madrugadas de segunda para terça, às 00h, no canal AMC Brasil.
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