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Review Fear the Walking Dead S05E13 – Leave What You Don’t: Uma história de desrespeito aos fãs
“Leave What You Don’t” foi o 13º episódio da 5ª temporada de Fear the Walking Dead. Venha conferir a nossa crítica ao episódio e comente conosco.
Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo terceiro episódio, S05E13 – “Leave What You Don’t”, da quinta temporada de Fear the Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
Sim, isoladamente Leave What You Don’t é um bom episódio, seguindo uma boa métrica e mixando cenas de ação com diálogos aprofundados. Entretanto, é um episódio que afunda toda a história construída nos doze anteriores, tornando tudo o que acompanhamos até agora em pó.
O ponto chave para que eu considere o décimo terceiro episódio da temporada um desrespeito aos fãs é o seu personagem central, Logan. Para que os leitores compreendam minha indignação, precisamos voltar no tempo, na estreia do quinto ano para retomarmos quem o parceiro de Clayton vinha sendo até então.
Na estreia da temporada, Logan invade a fábrica de jeans que antes era a casa dos heróis, enquanto os despista com um falso pedido de ajuda. Isso os leva a sofrer a queda de avião e a todos os eventos que envolvem radioatividade, zumbis estripados e uma ameaça desconhecida com um helicóptero. Até aí a certeza que a audiência passa a ter é que ele é o vilão central da temporada.
Entretanto, pelas tantas ocupações que os heróis arranjam no caminho, a trama pecou em aprofundá-lo, deixando seu reaparecimento apenas para o oitavo episódio, quando ele propõe uma união com o grupo para que juntos consigam combustível. Sem muitas explicações, a nona fração da temporada nos insere em um momento em que já houve desacertos no acordo feito e vemos Logan perseguindo Morgan e seus amigos, já que subsidiariamente os sobreviventes benevolentes já haviam encontrado os campos de petróleo e se negavam a entregar isso para o “vilão”.
Daí o público começa a ver que Logan está disposto a acabar com qualquer tentativa de bons atos que Morgan se propõe a fazer, dizendo-lhes que só os deixaria em paz se eles lhe passassem a localização dos campos de petróleo. Ou seja, mais uma característica de vilão desvendada, porque em muitas dessas vezes as pessoas que necessitam de ajuda quase morrem porque Logan está atrasando o socorro que os heróis poderiam prestar.
Após tanto insistir pela localização dos campos de petróleo, vemos Logan invadindo os portões do que ele chama de Terra Prometida. O local invadido é, para minha surpresa, a refinaria de produção de gasolina. Sem qualquer explicação, mais uma vez, Logan consegue encontrar sozinho o que buscava. E então, novamente fica evidente o erro de roteiro que criou uma história na qual o antagonista importunava os mocinhos por uma informação que, ou ele já tinha ou era fácil demais para achar sozinho. Se lhe faltava gasolina, porque ele gastou tanta atrás do comboio de Morgan se podia ter se empenhado em encontrar os poços petrolíferos sozinho, como ao final fez?
As cenas de ação empolgaram e foi bom ver a união do grupo na tentativa de impedir Logan de tomar o local para si. Entretanto, até essa altura da história nada era explicado sobre a motivação dele. Em todos os episódios que sua trama foi inserida, Logan se mostrava o antagonista, mas sem nenhum aprofundamento de quais as causas que lhe faziam um grande necessitado pela gasolina. Finalmente alguém do grupo de principais resolveu perguntar em Leave What You Don’t os motivos que levavam ele a querer o combustível. A demora pelo questionamento é ilógico. Se a proposta do comboio de Morgan é ajudar as pessoas, porque tanto desprezo por Logan quando ele dizia que precisava do petróleo para fazer um bem maior? Não é lógico que se eles perguntassem, e a necessidade dele fizesse o mínimo de sentido, eles poderiam ajudá-lo antes de todo esse embate?
Logan então resolve abrir seu coração e revelar que a ideia de Clayton de ajudar pessoas era sua filosofia de vida também, mas quando foi decepcionado por ela, acabou se rendendo a uma nova metodologia apresentada por um outro grupo de pessoas. E então, quando parece que o vilão está se reestruturando e se reerguendo para apresentar uma grande motivação, ele abaixa a guarda e concorda em ser um cooperador dos heróis. Se isso não fosse suficientemente frustrante, alguns poucos segundos depois, Logan é morto com um tiro na cabeça. Morre o pior protótipo de vilão.
O tiro vem de um grupo à cavalo que é ordenado por uma moça, que vem até o centro do campo de petróleo e se apresenta como a dona de uma comunidade que está expandido e que precisa da gasolina para dar continuidade aos seus planos. Sim, a quinta temporada demorou treze episódios para desenvolver um antagonista para no fim descobrirmos que ele não era o vilão. E sim, nós temos três episódios para que essa nova personagem conte uma história convincente no como ela forçou Logan a se prostrar aos seus ideais e no como sua metodologia de vida lhe fez liderar uma reestruturação de mundo.
A probabilidade de que isso estenda a trama de ajuda ao próximo para a já confirmada sexta temporada é imensa e isso era tudo o que o público de Fear the Walking Dead menos queria.
E se não pudesse ser menos frustrante, o episódio termina com o grupo aceitando deixar Luciana para trás, já que Virginia exige que alguém deles fique para produzir a gasolina necessária. Luciana se expõe ao risco mesmo após ver o que aconteceu com Logan e no como a nova conhecida opera: se a pessoa se tornar inútil no meio do caminho, é descartada. Quando Luciana volta a ter um pouco de destaque, parece que tudo se encaminha para a sua morte. É sério mesmo, Fear?
Outro ponto incômodo para mim é também o que mais fez o episódio valer a pena: a chuva de zumbis. Sim, eu aplaudi satisfeito que eles resolveram cortar a trama monótona que Fear vinha tendo para retornar aos momentos de ação e adrenalina. Mas, parando para refletir: como sobreviventes experientes não pensaram que uma horda poderia acabar ali – dado o barulho dos maquinários – e sucessivamente, despencar para dentro do local? A primeira coisa que uma pessoa que sobreviveu aos primeiros três anos de apocalipse pensaria ao ver uma pedreira desprotegida que conduzia diretamente ao local em que você pretende montar acampamento é em, no mínimo, criar uma barreira com tapumes, carros, cercas e etc.
Fora disso, não consegui compreender muito a inserção de Alicia e Strand nesse episódio. Poderiam ter utilizado qualquer outro personagem que já estava tendo participação em Leave What You Don’t para ligar a mulher presa na parada de caminhões com o grupo.
Falando nela, achei de uma irresponsabilidade tamanha que Fear the Walking Dead tenha deixado exatamente para a semana internacional de combate ao suicídio a exibição de uma cena em que Logan incentiva uma pessoa a tirar a própria vida em frente a dificuldade. Sei que o momento foi amplamente necessário para que se chegasse no estopim que fez ele perceber que a filosofia de Clayton ainda funcionava, mas é sério que isso ficou programado para a semana de combate ao suicídio?
Enfim, nós encerramos essa temporada com mais uma ideia de comunidade grandiosa se mostrando. Se há uma ligação entre Virginia, Isabelle e o helicóptero, muita coisa vai ter que ser explicada. Por qual motivo a comunidade que tem transporte aéreo permite que sua líder ande por aí à cavalo?
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