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Review Fear the Walking Dead S05E10 – 210 Words Per Minute: Cansativo e desanimador
“210 Words Per Minute” foi o décimo episódio da quinta temporada de Fear the Walking Dead. Venha conferir a nossa crítica ao episódio e comente conosco.
Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo episódio, S05E10 – “210 Words Per Minute”, da quinta temporada de Fear the Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
Com um episódio quase que totalmente dedicado a Morgan e Grace a quinta temporada de Fear the Walking Dead continua insistindo em um péssimo enredo. Uma trama completamente casativa e lenta se demonstra ainda mais presente na segunda metade do ano cinco do spinoff. Por vezes há uma sensação de que os próprios personagens estão desanimados e exaustos da história. Uma métrica totalmente desleixada e desinteressante, o que é surpreendente, já que há um bom fundo de enredo – um possível câncer se desenvolvendo em Grace – que poderia criar uma trama atraente.
O episódio segue a demonstrar pessoas que veem encontrando as fitas deixadas pelo grupo. Uma delas é Chuck, que mora dentro de um antigo shopping e acabou sendo mordido, implorando que os sobreviventes realizem seu último desejo: que o matem. Assim, Morgan, Grace e Dwight chegam ao local e aos poucos vão descobrindo que a missão será bem mais complicada que parece.
Em meio a esse propósito, nós começamos a ver uma série de cenas que tentam forçar humor entre Morgan e Grace, discutindo, por exemplo, sobre qual a forma certa de se chamar os doces que a ex-funcionária da usina nuclear estava consumindo: jujubas ou feijõezinhos.
Grace desmaia no momento em que o ex-salvador e Morgan estão tentando traçar um plano para encontrar Chuck. Quando ela acorda, ela diz estar ansiosa por descobrir do que se trata os sintomas que tem se manifestado nela, já que não tem como precisar se são frutos da exposição à radiação ou um simples resfriado ou exaustão. Ela, então, decide ficar com Morgan no local enquanto Dwight vai atrás do restante da caravana que está nas ruas e diz ter encontrado rastros de Logan.
Grace revela para Morgan que a intenção de ficar é justamente por saber que há uma unidade de saúde dentro do shopping com os equipamentos necessários para descobrir se há um cancêr se desenvolvendo em seu organismo ou não. Mais pra frente quero falar especificamente sobre esse ponto.
Por um equívoco de Grace, a dupla acaba presa dentro de uma loja cercada de mortos e começam a traçar um diálogo sobre a dinâmica de vida que ela vem levando, desde que começou a entender que cada dia pode ser o seu último. Sucessivamente ela aborda Morgan sobre seus problemas pessoais e sobre o fato de nunca ter conseguido se livrar da memória do filho e da esposa.
Sem muita explicação, quando os mortos começam a quebrar a vidraça, os dois se levantam e vão até o gerador para liga-lo. A pergunta que fica é: porque eles não fizeram isso antes e ficaram ali sentados durante todo aquele tempo? Enquanto a cena era demonstrada, dava a ideia que eles estavam encurralados dentro daquela loja, mas depois descobrimos que de alguma forma eles tinham livre acesso ao local onde estava o gerador.
Lá temos mais momentos entre Grace e Morgan, onde o sorriso dele vira pauta e ele lhe conta que só consegue sorrir quando relembra dos momentos que teve com Duane e a esposa. Enquanto isso, Grace trabalha no gerador e por fim consegue ligá-lo. Quando chegam na área central do prédio, no entanto, um alarme soa e começa a atrair mortos e então temos uma cena bem executada na escada rolante – ao menos um momento que salva os cinquenta minutos de história.
Os dois se dirigem à sala de controle para desativar o alarme e acabam vendo nas câmeras de segurança Chuck sentado no terraço do prédio. E daí vem a primeira cena em que o humor pareceu funcionar nesse episódio, e foi sem intenção de comédia. Quando Chuck fala que queria morrer vendo as estrelas, mas que o céu estava nublado, ela se retira e retorna com um abajur (em formato de tartaruga) que reflete estrelas no toldo que está cobrindo a cabeça deles. Narrando parece emocionante, mas não funcionou em ação.
Como se não tivéssemos tido uma péssima cena de comédia, uma segunda estava por vir. Grace desiste de descobrir sobre sua saúde após enterrarem Chuck e toma outra decisão: andar de carrossel. O momento consegue ter encanto infantil, mas é tão inesperado e impróprio que parece não encaixar com a história.
Sobre o ponto que iriamos retomar, é aqui que ele reaparece. A desistência de Grace foi uma das maiores frustrações que tive nessa quinta temporada. Porque, se ela descobrisse que de fato estava desenvolvendo um câncer seria a primeira vez que a audiência veria esse quadro no universo Walking Dead. Não que isso seja um prazer, mas a doença é uma realidade dos nossos dias e sempre houveram dúvidas sobre como seria lutar com a enfermidade enquanto dia a dia se tenta a sobrevivência ao apocalipse.
Você pode até argumentar que o fato de ela não ter descoberto não muda os riscos de ela ter a doença. Mas a verdade é: se Grace não descobrir que está com câncer, veremos ela passar mal vez ou outra e de repente morrer sem possibilidade de explorar abertamente a luta contra a enfermidade ao passo que tenta cooperar com o grupo.
Em outro ponto do episódio, tivemos um curto momento de Dwight com um dos capangas de Logan, que o sequestra, mas acaba se tornando vítima de sua própria emboscada. O período do ex-salvador na trama é até interessante, porque mostra o quanto ele mudou e o como ele tem assumido essa nova modalidade de vida. Mas, ainda há um estranhamento dele com o ambiente da série. É como se ele não fosse o personagem adequado para estar ali. Vez ou outra, quando ele aparecia em cena havia aquela sensação de “Hey! Você está no lugar errado”.
Ao final, a caravana encontra Morgan e Grace no shopping e se preparam para seguirem viajem. E aí nós temos mais uma vez um golpe do destino. Morgan que estava mais uma vez parecendo caminhar para uma libertação do arco chato que o cerca desde sempre, se desamarrando de seu passado e da perda de Duane e da esposa, se enclausura novamente, vira às costas para Grace e a deixa sozinha com os demais, dando como desculpa a necessidade de checar se Althea está bem.
Claro que esse momento final tem muito a ver com algumas das conversas que os dois tiveram. Algumas vezes Grace falou que Morgan era um homem corajoso, por ter continuado em frente mesmo após suas perdas. Outras vezes, ele afirmou que ela era corajosa, já que decidiu arriscar em viver como se não houvesse riscos inerentes à exposição à radiação. No fim, o descaso de Morgan com ela se reflete em ele não querer perder mais uma pessoa. Morgan está a evitando porque sabe que há grandes chances dela morrer e se ele se apaixonar por ela, sofrerá tudo novamente.
Infelizmente, seguimos vendo uma “morganização” de todos os personagens da série. Daniel que pouco apareceu na trama não passa nem como sombra do que conhecíamos dele nas primeiras temporadas de Fear. Alicia e Strand nem apareceram nesse episódio, mas estão passando pelo mesmo período, tornaram-se reflexos de Morgan. Não há ninguém que o questione, não há ninguém que contrarie. Apenas agem como ele, pensam como ele e falam como ele. Características marcantes em fortes personagens (principalmente Daniel, Alicia e Luciana) foram perdidas e diluídas.
E sinto cada vez mais que não foram apenas os personagens em si que se perderam. Fear the Walking Dead não é mais nem referência do que foi em seus três primeiros anos. A série parece não fazer nem questão de fingir que houve um passado antes de Morgan.
Fear segue afundando em uma trama desinteressante, cansativa e sem propósitos claros. Estamos no décimo episódio e até agora os personagens estão andando de um lado pro outro largando caixas pelas ruas. Os diálogos são pobres. Os personagens se neutralizaram. Os poucos pontos de esperança que se tinha em Alicia e Daniel começam a se extinguir. A série terá mesmo folêgo para uma sexta temporada? Se sim, Morgan continuará se adequando a trama?
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