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Review Fear the Walking Dead S05E04 – Skidmark: A repetição de um adeus
Skidmark foi o quarto episódio da quinta temporada de Fear the Walking Dead. Venha conferir a nossa crítica ao episódio e comente conosco.
Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do quarto episódio, S05E04 – “Skidmark”, da quinta temporada de Fear the Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
Não vou me estender para dizer que o episódio foi razoavelmente bom e superior aos seus antecessores. De fato, em questão de enredo e foco, Skidmark se demonstrou um gigante frente ao segundo episódio dessa temporada e disputou em um combate equilibrado com a trama da semana passada. Mesmo com a insistência em alguns erros, conseguiu ser cativante em alguns pontos.
Daniel foi grande responsável pela funcionalidade do episódio. Como já retratei nesse espaço semanas atrás, o personagem consegue ser protagonista em qualquer cena que é adicionado e tem ampla capacidade magnética de se tornar suporte em momentos necessários. Por mais que nada nos tenha sido explicado sobre o como Salazar esteve naquelas redondezas, ficamos sabendo que ele vem dedicando a sua vida solitária a evitar que sobreviventes famintos sejam metralhados por armadilhas montadas por algum mau intencionado.
Inclusive, Daniel é um personagem tão instigante que consegue dar tempero a outros nos quais a audiência não encontra muita graça. É o caso de Charlie. A divisão de trama entre o salvadorenho e a adolescente apresentou uma dinâmica muito bem explorada e que conseguiu torná-la tão equivalente a Daniel quanto era necessário. Talvez eu – se roteirista fosse – adicionaria uma cena de confissão de Charlie para Daniel de que ela é a assassina de Nick e causa indireta da morte de Madison. Isso poderia trazer reflexões necessárias para o patriarca Salazar, já que mantinha um vínculo bastante parental com Nick e nutria afeição e respeito pela falecida líder do grupo.
Sendo falado em confissão, eu vibrei ferozmente com o momento em que o pai de Ofelia conduz Strand a expor para Charlie, Sarah e Wendell quem ele de fato foi no passado e quais os motivos que geraram a divisão entre os dois homens. A montagem de tal momento é tudo o que eu espero de uma série que constrói história: rebusca momentos de temporadas passadas, não fingindo que fatos nunca aconteceram.
Por mais exagerada que tenha sido, a morte da horda nas hélices do avião foram recompensadoras. Me mostraram o como Fear tem potencial para divertir seu público. E claro, sem ignorar toda a significância que tínhamos naquele momento de ver Strand abrindo mão do que queria (o avião – que irei citar logo em frente) para salvar a vida de Daniel.
E como não citarmos aquele que deu nome ao episódio? Skidmark, o gato de Daniel foi um bom alívio nas cenas de tensão. Cachorros são maravilhosos, mas conseguimos prevê-los, já os gatos, parece que são um universo não muito explorado pelo ser humano e ter a chance de presenciar a sobrevivência de um felino no apocalipse zumbi e no como ele é fiel e treinado pelo seu companheiro para atingir objetivos é revigorante.
No foco central da trama dos personagens estava o avião e sinceramente sigo sem entender o que está de fato acontecendo. Qual o interesse por planadores que os sobreviventes desenvolveram de uma hora para a outra? Primeiro nos disseram que o avião que Althea tombou era para chegar a comunidade do farsante Logan (totalmente esquecido na história, assim como Grace). Quando o avião se perdeu, Althea pediu para que Strand procurasse por Daniel para pedir emprestado outro veículo parecido com aquele. Entretanto, com os próprios olhos Victor viu que Logan (o objetivo do avião) era uma mentira. Agora, sem muita explicação, Strand fala para Luciana que ele recuperará o avião para salvá-los do local onde estão. Mas se eles estão ainda dentro do estado do Texas (como os mapas indicam), porque eles precisam tanto de um avião? Não podem utilizar os velhos métodos e dirigir de volta para casa? Por que Luciana e Strand mantém conversas tão superficiais por rádio, aliás? Strand não sabe sobre o sumiço de Althea e nem sobre tudo o que vem acontecendo. A divisão de grupos segue enredos paralelos e aparentemente aleatórios.
Por fim, esse núcleo se findou da forma como eu previ na análise do trailer: Daniel está indo embora novamente. Eu amo o personagem, mas preferia o ver morrendo do que ter que dizer adeus para ele outra vez e vê-lo reaparecer na próxima temporada por alguns episódios da forma mais coincidente possível (nossa, andamos 600 km e Daniel veio na mesma direção que nós, olha que simples nos encontrarmos dentro do mapa múndi). Chega desse vai e vem. Se o ator não pode se dedicar de forma integral à série, que os roteiristas escrevam um final digno para ele e parem de insistir em enfraquecer roteiro com coincidências falhas.
Citei Luciana antes e não quero desgastar o leitor a uma repetição semanal. Mas eu sigo me perguntando: em que local se escondeu aquela destemida líder de Tijuana lá da 2ª Temporada? Em que momento ela se perdeu e se transformou em um frágil personagem de apoio do núcleo de apoio de um episódio? Luciana tem conseguido se confundir com a figuração. É decepcionante, forte as grandes promessas que os showrunners deram ao entorno dela para esse quinto ano. É sério que a grande surpresa na trama da personagem é ela ter machucado o braço, levando a ter menos destaque do que antes? Eles vão seguir prendendo-a a uma trama fútil com “O Pequeno Príncipe” para sempre?
Uma curta cena no enredo de apoio me fez dar um leve sorriso: o momento que Morgan vai matar um dos infectados e checa se eles está usando o colar de sinalização de radiação trazido à tona por Grace. Eu respirei aliviado, porque até então depois do segundo episódio parece que a trama de usinas e contaminação por urânio tinha sido completamente esquecida. A simples adição desse momento de uma fração de segundo já me foi o suficiente para entender que os roteiristas não tinham se perdido em meio a tantas histórias paralelas.
Alicia e Morgan até que funcionaram bem nessa semana e a descoberta da creche de Jocelyn (quem acompanha The Walking Dead sabe do que estou falando) foi intrigante. Fiquei me perguntando: que tipo de sobreviventes eram os pais dessas crianças para terem morrido todos? Sério que nenhum adulto do acampamento conseguiu sobreviver? Se eu fosse os personagens, correria o mais longe possível daquele local: queda de avião, radiação, armadilha de zumbi estripado, sequestradores de pessoas e um bando de crianças que perderam seus pais todos ao mesmo tempo. Algo de estranho está sob aquele solo e eu não gostaria de ser quem descobriria os mistérios.
Eu seria muito infeliz se fosse Althea, aliás. Ela está desaparecida a dias e mesmo assim seus amigos, os únicos que podem se propor a ajudá-la, seguem fazendo uma procura por ela bastante despreocupada e totalmente sem foco. Tudo bem que a ideia do grupo é ajudar outros sobreviventes, mas eles esquecem que também são pessoas que necessitam de ajuda, as vezes?
Falando na jornalista, o final do episódio traz um helicóptero com o mesmo símbolo que ela encontrou nos documentos do soldado morto no primeiro episódio, pouco antes de ser levada e que é semelhante ao que vimos em The Walking Dead na partida de Rick. Isso significa que provavelmente o momento que entenderemos melhor o que está acontecendo com ela e com o próprio Rick está cada vez mais próximo. Não consigo montar na minha cabeça o que pode estar por trás disso, mas espero que seja bem construído, uma vez que se os roteiristas falharem não afundam o barco apenas para Fear, mas para The Walking Dead e para os filmes de Rick também. Seria um universo todo sendo dilacerado por más execuções de enredo.
Enfim. O episódio conseguiu ser bom, mesmo que não entra para um ranking de melhores episódios de Fear (ao meu ver). Se comparado aos seus antecessores se constrói e explica muito mais e insere a audiência na história de forma bem mais executada. Ainda tenho medo do fato de estarmos na quarta semana sem termos entendido muito do que está acontecendo e para onde a trama irá fluir. Mas espero ser surpreendido e ver que todas as minhas condenações a esse começo de temporada eram apenas fruto de um fã sem muita paciência para desfrutar de uma boa história que foi muito bem concluída – culpa da Netflix que nos entrega temporadas em pacotes únicos.
Especificamente sobre esse episódio, ainda sinto falta, como comentei, da utilidade de Luciana na história e adiciono Sarah e Wendell, que vieram na quarta temporada com a proposta de serem bons personagens, mas em quatro episódios desse quinto ano não acrescentaram muita coisa à trama. Fico esperando o momento que tais personagens, tão sucateados e escanteados tenham seu brilho e torço para que não seja só em um momento de morte ou que a anteceda.
E você? O que achou do episódio dessa semana? Deixe sua opinião abaixo e vote na nossa enquete.