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Review Fear the Walking Dead S04E05 – Laura: Quando episódios isolados falam pelo todo
Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do quinto episódio, S04E05 – “Laura”, da quarta temporada de Fear the Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
É difícil estar aqui semana pós semana desempenhando essa atividade. Corro o risco de soar repetitivo e trazer mais do mesmo, mas infelizmente terei que ecoar por mais uma vez: Fear the Walking Dead vem sendo colossal.
Em uma fórmula que teria tudo para pecar e exterminar com o bom trabalho e rendimento que os episódios anteriores vinham mantendo, “Laura” desmistificou aspectos mantidos na série mãe. Em primeiro momento, que episódios de personagens isolados não funcionam para o mundo de Kirkman. Em segundo, que o amor e o romance não são tramas interessantes para uma série de apocalipse zumbi.
Estou extremamente confuso quanto a John agora. Até semana passada ele era alguém que eu até gostava – mas também não iria sofrer se tivesse que dar adeus -, mas no episódio dessa semana me apaixonei pelo personagem e assumi o seu eu lírico. O sofrimento, a culpa, a melancolia, a solidão e o mundo preto e branco que ele carregava me trouxeram a certeza de que se tratava de uma pessoa humana.
O episódio parte justamente desse ponto, apresentando John como o homem que segue vivo mesmo estando obscurecido em seu interior. Um homem que adotou uma rotina de terças-feiras de visita à loja e da noite do cinema. Alguém que tem dificuldade de descansar e se dar o descanso. Ele simplesmente estava ali, isolado de tudo o que de fato tivesse vida, esperando pelo momento em que ele respiraria pela última vez. Entretanto, algo bruscamente se chocou com os seus planos e mudou suas expectativas.
Esse algo? Uma mulher de aparência agradável, na mesma faixa de idade dele e que necessitava de amparo, por estar ferida, algo que nos dias em que eles vivem pode exterminar com as chances de sobrevivência. Quando John abriu a porta de sua cabana e estendeu a ponte sobre o valo, ele não tinha ideia que marchava para uma das mudanças mais bruscas de sua vida desde que os mortos começaram a caminhar.
Uma mulher conhecida pelo público. Naomi estava ali, junto ao homem solitário. Mas continuamos a explorar os mistérios da personagem. Enquanto John se abriu totalmente a ela, Naomi esteve totalmente fechada em grande parte da história.
Naomi ao amanhecer do dia tenta – para a surpresa de quase ninguém – fugir. Mas seus planejamentos são frustrados quando John a pega no flagrante e ela descobre que o carro dele necessita de mecânica para andar.
Assim, ela necessita ficar. John a ajuda com a manutenção de seu ferimento e a intimidade entre os dois é elevada: John costura o corpo de Naomi, que por não revelar sua identidade passa a ser Laura para o antigo policial.
Ele a incorpora no seu dia a dia e mostra para ela o como ele tem se mantido até ali: uma vala – para facilitar o momento de exterminar a chegada dos caminhantes; varinhas de pesca para sempre ter a proteína diária garantida; uma noite de cinema para se manter entretido e visitas semanais ao estabelecimento de um velho conhecido para buscar mantimentos necessários.
Ao ver o quão aberto John tem sido Laura passa a ajuda-lo de forma aberta nas necessidades diárias. Ele a ensina pescar e parece que ela é mais habilidosa que o próprio professor, já que em segundos ela fisga um peixe de bom tamanho. Também, ela acaba o ajudando a realizar um conserto na tela de uma ponte, local pelo qual os caminhantes estão caindo no rio e sendo levados pela correnteza até o refúgio de John.
John possui duas armas idênticas e é observado silenciosamente por Laura quando realiza a limpeza de ambas. Laura parece filtrar que há algo de errado com ele, uma vez que mesmo tendo sido policial, não utiliza as armas de fogo para se livrar dos visitantes inconvenientes.
Numa conversa franca, John revela a mulher que já havia matado um homem e por isso, decidiu se afastar do uso de arma de fogo. Mas algo mais profundo é revelado nesse momento: John se afastou de todos porque não conseguia corresponder ao status de herói que as pessoas viam nele.
Laura em todo o episódio, por uma única vez, revela algo para ele: ela é mãe e perdeu seu filho. Nada mais é revelado sobre isso. Não se sabe se foi antes ou depois do surto zumbi e de que maneira aconteceu. Nem mesmo a idade do filho foi revelada. Apenas temos que lidar com o fato de que ela é uma mãe solitária sem o fruto do seu ventre, pois algo interrompeu a ordem natural da vida e ela teve que enterrá-lo.
A ferida de Laura está cicatrizando, os pontos são tirados e ela revela para John que irá embora. Ele a evita a partir disso, mas acaba por ser incompreendido pela mulher. Finalmente ele consegue pronunciar que está apaixonado por ela e que a ama. Laura o responde com um beijo e um abraço.
O dia amanhece e John se vê sozinho na casa. Laura foi embora, mas antes deixou uma mensagem com as peças de seu Scrabble “Eu também te amo. Sinto muito!”. E ali está John, novamente sozinho.
Enfim, tivemos uma bela história que poderia ser assistida isolada, longe da contextualização do mundo de Kirkman. O quinto episódio demonstrou que é possível aprofundar-nos mais em um ou dois personagens sem perdermos a riqueza da história. A dinâmica entre o casal foi extremamente real e envolvida de sentimentos. Personagens profundos, que as vezes nos dizem pouco e noutras nos dizem muito.
Pela primeira vez eu vejo uma história de amor parecer real em tela quando se tratando de The Walking Dead – e Fear. Eu sei, posso ser pisoteado ao falar isso, mas o amor de Glenn e Maggie não foi orgânico em cena. Os dois sempre funcionaram melhor quando separados e prova disso é o crescimento colossal que ela está tendo agora longe do amado. Michonne e Rick da mesma forma, não parecem real, tudo é tão mecânico, ausente de sentimento. Madison e Travis? Idem. Entretanto, John tinha motivos para amar Laura – Naomi – e ela conseguiu corresponder ao homem. Foi uma história rica e funcional, totalmente orgânica, sem beirar uma obrigação imposta ao público de aceitação.
Laura completou a existência de John. Ela o fez ressuscitar quando seu interior estava morto. No momento em que ele já desistia de insistir em prosseguir, Laura se tornou o seu motivo, lhe deu vida e possibilidades.
Eu não estou aqui aplaudindo ao episódio apenas para que o público de Fear o aceite como um grande episódio. Estou aqui descrevendo tudo isso, porque ao olhar da crítica Laura foi um diferencial para o mundo dos zumbis. É complexo, intenso, profundo e atrativo. Laura é um quadro muito bem pintado sobre aquilo que The Walking Dead pode aprender com seu apêndice. Nós não precisamos de pressa para chegar às conclusões se as histórias secundárias forem bem contadas. No fim, Laura me fez esquecer o quão ansioso eu estava em saber como e onde está Madison.
E você? Discorda inteiramente do que foi dito acima? Concorda? Não é capaz de opinar? Deixe seu comentário abaixo para entendermos um pouco sobre a receptividade do público no que diz respeito o quinto episódio da quarta temporada de Fear the Walking Dead.
Fear the Walking Dead vai ao ar LEGENDADO aos domingos, às 22h30, e DUBLADO as segundas, às 23h30, no AMC Brasil. Consulte sua operadora de TV para mais informações.
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