3ª Temporada
Dave Erickson fala sobre o retorno de Daniel Salazar em Fear the Walking Dead
Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do terceiro episódio, S03E03 – “Teotwawki”, da terceira temporada de Fear the Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
Ele voltooouuuu. Se você pensava que Daniel Salazar havia queimado até a morte quando ele incendiou uma propriedade inteira no México, lá na segunda temporada de Fear the Walking Dead, pense de novo! O antigo soldado salvadorenho voltou no final do episódio deste domingo, “TEOTWAWKI”, oferecendo um cantil de água para o prisioneiro Strand. Onde ele esteve? E por que trazer o personagem de Ruben Blades de volta agora? A Entertainment Weekly perguntou ao showrunner de Fear the Walking Dead, Dave Erickson, isso e muito mais enquanto discutiam todas as questões do último episódio. Confira:
Vamos começar pelo retorno de Daniel Salazar, que vemos no finalzinho do episódio dando o cantil a Strand. Como foi trazê-lo de volta? Por que aqui? Por que agora?
Dave Erickson: Bem, antes de tudo, foi ótimo trazer Ruben de volta porque ele foi uma parte maravilhosa da série, e Colman e Ruben têm uma química interessante, que eu acho bem legal.
A maior parte da explicação de onde ele esteve e por que ele sobreviveu virá à medida que a história evolui, mas fez sentido que nós o encontrássemos em nossa história ao sul da fronteira porque foi onde o deixamos. E vamos descobrir como ele veio a se tornar parte do ambiente dessa represa e por que ele é crucial para isso, e então quão importante ele será para Strand. Quero dizer, Strand está em uma posição com a qual não está acostumado. Ele chegou na represa com a expectativa de que iria retomar de onde parou com Dante. Esses são dois homens de negócios que trabalharam juntos antes do apocalipse, e o que percebemos rapidamente é que o apreço de Strand por Dante era muito maior do que o de Dante por Strand, claramente.
Em alguns aspectos, tudo que vai volta, porque o acordo que ele e Thomas fizeram foi claramente em sua própria vantagem, e eu acho que Dante tem uma chance de dar a volta e assumir o controle. Então nós vemos Strand em uma posição muito mais comprometida do que estamos acostumados a vê-lo, e a questão agora é se Salazar vai ajuda-lo ou prejudica-lo nesse novo cenário.
E esse Dante? Nós vemos ele jogar um cara do alto da represa em uma pilha de corpos. Qual é a dele e qual é a sua visão sobre o apocalipse?
Dave Erickson: Dante tem uma veia cruel e pragmática. Veja, uma das temáticas da série obviamente é sobre reconstruir a civilização. É algo que domina na série e nos quadrinhos e em qualquer drama pós-apocalíptico, e na nossa história ao norte da fronteira nós temos o personagem de Dayton Callie, Otto, tentando reestabelecer a sociedade à sua própria maneira. E Dante está tentando fazer o mesmo, e no final tudo se resume aos recursos. Neste caso, é a represa e é a água, e se você consegue controlar isso, essa é a moeda agora e é por isso que Strand vai para lá, porque ele sente que essa é a base do poder. Se nós pudermos controlar isso, se eu conseguir uma parte disso, vai me proteger e me manter em um bom lugar. E eu acho que Dante é da mesma laia.
Enquanto Strand é um vigarista, Dante está mais para um criminoso, e está disposto a matar indiscriminadamente para garantir que as pessoas entendam que ele está no controle e que ele manda. E esse é realmente um dos elementos da temporada, é a questão da violência e quando você a usa e como a usa, e quando a vê sendo cometida – seja por Dante, que veremos desenvolver um tipo de relação com Salazar nos próximos episódios, ou por Otto e Troy e a relação de Madison com eles – é o que você está disposto a sacrificar da sua própria humanidade, sua própria moralidade, para conseguir sobreviver?
Então ele é um homem que tem cultura, mas ele também é alguém que não tem medo de, como veremos, matar quem for preciso para proteger seu status. E eu acho que o senso dele é de que toda vez que eu faço isso, e abato alguém, estou fazendo com que todos que vêm até a represa saibam que eu não sou alguém com quem se deva brincar e que eles devem ter medo de mim. Essa é exatamente a questão que será colocada para Madison e para Nick e para Alicia à medida que avançamos. Isso é aceitável? Então na realidade, ele é um exemplo disso. Ele é apenas alguém que vê a violência como uma ferramenta, assim como muitos nesse mundo.
Fale sobre a relação fascinante entre Madison e Troy. Ela quase arrancou o olho dele na estreia, ela o repreende por não fazer a cama, mas depois senta com ele e coloca um guardanapo no seu colo no final do episódio. Isso é Madison apenas sendo tática e manipuladora, procurando por uma maneira de controlar a situação?
Dave Erickson: É exatamente isso. Eu acho que ela percebeu depois dos primeiros episódios que mesmo sendo tão sociopata e violento, Troy também tem um quê de menino quebrado ali dentro. É essa linha sutil onde ela percebe que, “ok, se nós vamos sobreviver e ficar no rancho, eu preciso garantir que a violência não será revisitada na minha família”. E ela vê nele uma necessidade de uma mãe, e nós começamos a ter uma ideia melhor disso à medida que a história se desenvolve. Nós entendemos melhor como foi a educação dele e o fato de que ele foi feito, tanto quanto foi nascido, a pessoa que é.
E o sentimento dela é de que ela consegue controla-lo, e se ela conseguir controla-lo, então ele se torna um ativo – ele se torna algo que ela pode usar para proteger sua família. E ele definitivamente tem uma fascinação por Madison e um interesse por ela que tem tudo a ver com sua própria mãe e a falta de cuidado que ele teve quando criança. Mas ele tem uma questão com Nick. Tem algum ciúme ali e o que vemos no final do episódio é um estranho encontro de mentes, onde Nick prova algo para Troy e Troy vê algo em Nick que não tinha visto antes, e percebe que talvez ele seja ok. Talvez ele possa aceitar essa família sendo combinada e conectada à sua família e seu lar. Isso é algo que continuaremos vendo se desenrolar.
O que nós podemos tirar daquele vídeo antigo de Jeremiah gritando e agarrando a mulher e xingando o câmera? São pistas que nós, assim como Madison, deveríamos estar observando?
Dave Erickson: Sim. Ele tem definitivamente um lado violento que pode até ter abrandado com a idade, mas aquela feiura e aquela violência e aquelas coisas que vemos em Troy são parte de quem ele é. Há inclusive alguns momentos no segundo episódio em que você vê um elemento da ameaça e um pouco da malevolência nesse personagem. Então as razões são duplas. Estávamos vendo que há um lado violento nesse homem, e também tivemos um senso do que esses garotos tiveram que lidar enquanto estavam crescendo e da dinâmica entre Troy e Jake – porque Jake foi o protetor do irmão mais novo apesar do que era melhor para ele em alguns momentos, e eu acho importante tentar entender quais eram as camadas naquela família, então quanto mais fizermos isso, mais profundamente entenderemos o que teremos de Troy como personagem à medida que avançarmos.
Ok, então o que vem por aí?
Dave Erickson: Nós veremos um episódio muito, muito grande sobre Daniel Salazar agora que ele foi restabelecido. A fala dele sobre ser um anjo guardião, foi uma referência à última cena que eles fizeram juntos no barco no episódio 2 da segunda temporada, quando Daniel ficou no barco apenas para ficar de olho em Strand. Strand essencialmente disse “Sabe, você está me espreitando como o anjo da morte”, e Salazar disse “Bem, talvez eu seja um anjo guardião”. Então essa foi uma referência, algo que era específico aos dois. Se você olhar com cuidado, você vê algumas queimaduras em Daniel, então vamos entender como ele escapou, como está o estado mental dele agora, e será um episódio muito especial de Fear the Walking Dead com Ruben Blades.
Fear the Walking Dead vai ao ar aos domingos, às 22h, no canal AMC.
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Fonte: Entertainment Weekly