Entrevistas
O relógio está correndo para o episódio mais mortal da 1ª temporada de Fear the Walking Dead
ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do quinto episódio da primeira temporada de Fear the Walking Dead, S01E05 – “Cobalt” (Operação Cobalt). Leia por sua conta e risco. Você foi avisado.
Fear the Walking Dead soltou uma bomba no último domingo quando Liza (Elizabeth Rodriguez) descobriu que – assim como na série original – todos estão infectados. O penúltimo episódio da primeira temporada também trouxe a primeira grande fatalidade do grupo quando Griselda (Patricia Reyes Spindola) não sobreviveu à amputação do pé e Liza precisou executa-la.
Daniel (Ruben Blades), sem saber que sua esposa havia morrido, tortura um soldado da Guarda Nacional em uma tentativa de descobrir para onde Griselda foi levada. Ao invés disso, ele descobre que a Guarda trancou um grupo de 2000 pessoas porque não conseguiam separar os que estavam infectados dos que não estavam.
Também foi aprofundada a distância entre Madison e Travis, sendo que ele buscou a Guarda com um pedido para que devolvam as 12 pessoas da comunidade que foram levadas para tratamento. Travis recebeu a oportunidade de abater um zumbi e se recusou. Quando ele volta para casa e para Madison, descobre que ela permitiu que Daniel torturasse um soldado.
Em outro lugar, a audiência conheceu Victor Strand (Colman Domingo) dentro da quarentena, e o rico “vendedor” se interessa por Nick (Frank Dillane).
Aqui, o showrunner Dave Erickson conversa com o The Hollywood Reporter sobre o motivo disso tudo e fala o que esperar do último episódio da temporada.
O episódio termina com Daniel se aproximando do estádio que Adam, o guarda que ele torturou, mencionou. Ele realmente vai tentar abrir aquela porta?
Dave Erickson: Existe um plano maior que vai depender do que Daniel fará quando descobrir isso. Ele está confirmando a história de Adam e encontrou a arena da qual ele falou. Ele sabe que 2000 pessoas estão lá dentro, então é a ideia de que existem tantos zumbis atrás daquelas portas e agora Daniel sabe disso. Veremos o que vem a seguir. Daniel é rápido em aceitar a ideia do que está atrás daquelas portas – não é que eles sejam zumbis, é que eles são uma ameaça. E para ele, qualquer coisa que seja uma ameaça, existe uma maneira eficiente de se lidar com isso. Uma das coisas que percebemos ao longo deste episódio é que toda história que Daniel contou para sua filha e sobre seu passado, tudo é verdade – ele apenas inverteu os papeis. Ao invés de ser uma pessoa perseguida durante a guerra em El Salvador, ele era um perseguidor. Nós percebemos que esse homem complicado agora está revelando ser alguém que era um monstro em seu passado, e agora sua filha precisa lidar com essa conclusão.
Que tipo de conflito isso vai criar entre Daniel e Ofelia?
Dave Erickson: Ela cresceu achando que seus pais eram atrasados de alguma forma, Griselda não fala inglês e eles não assimilaram. Ofelia sempre pensou em si mesma como protetora de seus pais, e o que ela percebeu é que existe todo um outro lado de quem seus pais eram e isso será desafiador para ela. Tem muita coisa acontecendo para ela lidar com a falsa história no final de temporada, mas na próxima temporada ela precisará reaprender quem seu pai é e lidar com isso – e ver se consegue aceita-lo. A ironia é que na segunda temporada ela está em uma situação em que deseja que o pai fosse a pessoa gentil e benevolente que ela achou que ele fosse, e perceberá, à medida que continuar a conhecer o novo mundo, que a pessoa que ela achou que Daniel fosse não tem muita utilidade para o nosso grupo. Eu estou sempre interessado na ideia de pais falsos e irmãos substitutos. A dinâmica pai-filho, pai-filha, mãe-filha e essa família maior e misturada – haverá muitas mudanças de identidade ao longo da série.
Nós descobrimos que “Cobalt” é o código para que a Guarda Nacional evacue a bacia de Los Angeles. A ordem realmente é desistir da civilização?
Dave Erickson: Não, é uma retirada tática, e tem uma referência que ouviremos depois. Eles estão recuando para um local que discutiremos no final de temporada. A ideia é que essa onda de transformações cresça exponencialmente, e estamos tentando da melhor forma possível imaginar o que acontece em Atlanta e nos quadrinhos originalmente e entender os passos que aconteceram entre o acidente de Rick (Andrew Lincoln) e o momento em que ele acorda do coma [em The Walking Dead]. Entrando na segunda temporada, ainda vamos jogar com isso porque ainda não chegamos naquele ponto. Não vamos terminar a temporada exatamente no momento em que Rick saiu para explorar e encontrar Lori e Carl. Ainda tem coisas para os nossos personagens descobrirem. Nós temos uma melhor compreensão do que são os zumbis e de que eles estão mortos e não voltarão ao que eram. Isso é algo com que Travis ainda luta. Mas ele terá seu momento de descoberta em breve. A segunda temporada permite que nossos personagens ainda perambulem e acreditem que deve haver um local seguro – deve haver uma cidade ou estado que não caiu. O que não temos ainda é o beneficio dos episódios do CDC [da primeira temporada de The Walking Dead]. Não teremos uma pessoa que dirá categoricamente “Adivinhe só: o mundo já era”. Isso cria esse estranho conflito entre esperança e desespero, porque se você pensa que pode existir um lugar onde tudo está bem, isso motiva você a continuar – mas ao mesmo tempo, quando você é confrontado com devastação, isso se torna deprimente. Vamos tocar nisso na próxima temporada.
Falando em esperança, como Liza vai responder à consciência de que todos estão infectados?
Dave Erickson: Ela vai para o hospital porque se sente responsável por Griselda e por Nick, mas também porque é uma oportunidade de ajudar, aprender e atuar como enfermeira – e então ela descobre que, o que quer que essa coisa seja, é coletivo e todos nós temos. E quando alguém tem isso, eles não têm escolha a não ser executa-los. É uma cena desoladora quando ela precisa executar Griselda. Tem duas coisas acontecendo: ela falhou com sua paciente – essa mulher com quem ela se importa – e está recebendo essa pancada massiva sobre o fato de que o que quer que seja essa epidemia, é algo que já se espalhou completamente. Essa é uma informação que ela agora tem e, em muitos aspectos, ela está saindo na frente da mesma forma que Rick no final da primeira temporada. Veremos o que ela faz com essa informação.
Como Daniel pode responder à notícia de que todos estão infectados – e de que sua esposa não sobreviveu?
Dave Erickson: Daniel será capaz de se adaptar a esse novo mundo porque ele é um sobrevivente – e sempre foi; se ele era o torturador ou não, ele levou uma vida muito mais difícil do que a maioria dos nossos personagens… com exceção de Nick, que esteve nas ruas pela maior parte dos últimos seis anos. A pessoa que está melhor equipada para lidar com isso é Daniel – mesmo quando ele descobrir que Griselda se foi. Ele ainda tem uma família para cuidar, então ele precisará perseverar. Ele definitivamente quer encontra-la e salva-la, mas ele também é muito pragmático em sua abordagem para o mundo. Ele viu o pior da Guarda Nacional desde o começo; ele é aquele que viu o que acontece quando os soldados chegam e levam as pessoas embora em caminhões. Ele ficará abalado pela morte de Griselda, mas vai perseverar porque ele ainda tem Ofelia e agora que ela sabe o que ele é – ou o que ele foi – ele precisa reparar isso. Essa será sua motivação rumo ao final e à segunda temporada.
Quem é esse cara “vendedor” e qual é o papel dele dentro do hospital do acampamento?
Dave Erickson: Colman Domingo interpreta Victor Strand, e nós vamos descobrir que ele estava no lugar errado na hora errada. Strand é um vendedor, mas também é um homem de posses, ele é bem rico e é pego quando as coisas vão para o inferno. Tem uma ironia nele estar preso onde alguém como ele jamais estaria. Ele é um sobrevivente por direito próprio. Se você pegar Daniel e Strand e olhar como eles interagem, será bem interessante. Strand é um cara que reconhece que houve uma mudança na moeda. Ele sabe que as coisas não vão melhorar por algum tempo e que os objetos brilhantes não são mais o que importa. É por isso que ele está disposto a dar seu relógio para o guarda. Nós queríamos introduzir um personagem mais abastado que você geralmente não vê na série original e ver como ele interage com nossa família de trabalhadores. Ele será muito importante em como esta temporada acaba e para onde vamos na segunda temporada.
Travis ainda acredita que as coisas vão melhorar agora que ele viu o mundo exterior – e que os militares estão desistindo? Mesmo ouvindo que os zumbis não são mais humanos, ele ainda não consegue abater um deles.
Dave Erickson: Travis vai se agarrar à sua esperança e sua humanidade enquanto for humanamente possível. Se você precisasse escolher uma coisa sobre a qual este episódio é, é muito sobre a divergência Madison-Travis e seguir caminhos diferentes para trazer suas pessoas de volta. Travis faz a coisa prática e vai até Moyers (Jamie McShane), em quem ele não confia mais. Ele está interpretando o Sr. Prefeito e tentando ir pelo caminho certo. Madison percebe o que Daniel está fazendo e faz uma escolha distinta – sabendo que ele está torturando esse pobre soldado. Ela sabe que Daniel fará o que precisa ser feito para conseguir a informação e vai permitir que isso aconteça. É uma distinção no relacionamento de Madison e Travis que é importante rumo ao final.
Nenhum dos nossos personagens assistiu The Walking Dead. Eles teriam visto filmes de zumbis? Tenho certeza que sim. Estamos no apocalipse há talvez 12 dias e uma das razões pelas quais a série foi estruturada dessa forma, foi para colocar Travis em uma posição onde ele tinha o dedo no gatilho e um zumbi na mira, e tinha Moyers e os soldados enfatizando que eles não são mais pessoas. “E se você acha que é uma pessoa, então nós somos assassinos”. É importante que em apenas 12 dias de apocalipse existem pessoas que ainda não acreditam que esse é o fim do mundo. É isso que estamos tentando dramatizar nesse episódio. E é por isso que, depois de passar por aquela experiência horrível, quando Travis finalmente chega em casa, ele vê Ofelia e percebe o que Daniel fez e o verdadeiro horror para ele é essa realização de que a mulher que ele ama [Madison] sabia que Daniel estava torturando aquele pobre rapaz e não fez nada. Isso o derruba completamente. Travis tem muitas surpresas pela frente.
Isso é o fim do que veremos da Guarda Nacional?
Dave Erickson: Não necessariamente. Nós definimos a ideia de que eles estão se retirando da bacia de L.A., de que eles vão recuar. Quando chegarmos no final de temporada vamos descobrir qual é o destino deles. Esta provavelmente não será a última vez que veremos a Guarda Nacional.
Quão mortal será o final de temporada?
Dave Erickson: Será o episódio mais mortal da temporada. Há um relógio correndo. Travis, Madison, Daniel, Alicia e Chris vão descobrir que sua comunidade não é mais segura. Eles não terão a proteção que acharam que teriam [com a Guarda Nacional], e eles ainda não têm sua família de volta [com Nick, Liza e Griselda, a última que eles ainda acreditam estar a salvo]. Os esforços de Travis para salvar Nick, Griselda e Liza não funcionaram, e não temos o que comentar sobre isso. O que Daniel fez funcionou e agora ele tem informações e peças que permitirão ao grupo tomar alguma ação rumo ao final para tentar salvar suas pessoas – e eles mesmos.
Fear the Walking Dead vai ao ar aos domingos. O que você acha que vai acontecer no final de temporada?
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Fonte: The Hollywood Reporter