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Dave Erickson defende polarizar as mortes dos personagens em Fear the Walking Dead

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ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do segundo episódio da primeira temporada de Fear the Walking Dead, S01E02 – “So Close, Yet So Far” (Tão perto e, ainda assim, tão longe). Leia por sua conta e risco. Você foi avisado.

Fear the Walking Dead pode ter apenas dois episódios até agora, mas a quantidade de mortes na série já está começando a aumentar.

A série companheira de The Walking Dead matou o diretor da escola, Artie, conforme o surto continuou a se espalhar e os mortos-vivos ficaram mais violentos. A morte do diretor da escola marcou o terceiro personagem afro-americano a ser morto, junto de Matt, o namorado de Alicia, e de Calvin, o amigo de Nick e traficante de drogas.

A morte de Artie veio depois que Madison (Kim Dickens) voltou à escola em busca de remédios para ajudar seu filho, Nick (Frank Dillane), a lidar com a abstinência das drogas. Ela foi forçada a matar seu antigo chefe, que tinha se transformado depois de ser esfaqueado.

Em outro lugar da cidade, o episódio mostrou um tumulto em tiroteios envolvendo policiais – que espectadores bem informados reconhecem como uma inútil, já que as pessoas não permanecerão mortas depois do misterioso surto.

Isso levou a um protesto e uma consequente rebelião, quando a civilização rapidamente começa a desmoronar. Travis (Cliff Curtis) sai em busca de sua ex esposa, Liza (Elizabeth Rodriguez), e do filho deles, Chris (Lorenzo James Henrie), para deixá-los em segurança em meio ao apocalipse que está por vir.

Ainda que consiga se reunir com sua família, ele não consegue escapar do tumulto e o trio se refugia em uma barbearia, cujos donos são Daniel Salazar (Ruben Blades) e sua família. Juntas, as duas famílias aguardam a loucura acabar – apesar de haver um incêndio na casa vizinha que provavelmente fará com que todos precisem sair do prédio.

Do grupo central dos personagens, parece que apenas Alicia está de fora do que está acontecendo no mundo.

Aqui, o showrunner Dave Erickson conversa com o The Hollywood Reporter sobre polarizar as mortes dos personagens, qual o segredo que Madison está escondendo de seu passado e porque ninguém quer contar para Alicia o que está acontecendo.

Por que foi importante ilustrar os tiroteios envolvendo policiais na série depois de eventos como Ferguson?

Dave Erickson: No fim das contas, não estamos tentando polemizar; a série não é polêmica. O que tentamos pensar é como isso se manifestaria. Se as pessoas estivessem se transformando, atacando outras pessoas nas ruas, qual seria a resposta para isso? Se a polícia e o exército fossem lidar com um problema, qual seria a resposta deles quando estivessem lidando com um walker que obviamente não iria recuar. Há alguma coisa sobre a percepção de que as pessoas estão tentando compreender o que está acontecendo. Éramos nós tentando descobrir qual seria a progressão lógica, focalizando nesse tempo em que Rick estava em coma. Quais foram as etapas que levaram os policiais a aparecerem? Quais foram as etapas que levaram ao aparecimento das equipes da SWAT, da Guarda Nacional – que é algo que vamos explorar – e qual seria a política mais ampla e a resposta do exército quando as coisas começassem a desmoronar.

Contando com Artie, com Matt, o namorado de Alicia, e com Calvin, as três mortes centrais na série até agora foram de personagens afro-americanos. Isso foi algo de que vocês tinham consciência durante a produção? Considerando que a série original passou por críticas por problemas similares, por que vocês optaram por tomar essas decisões?

Dave Erickson: Quando estávamos escrevendo o piloto, isso não foi algo que surgiu em nossas conversas na sala ou com a emissora. No fim das contas, aconteceu quando estávamos selecionando o elenco para aqueles papéis, nós não sabíamos quem viveria, quem morreria ou quais os arcos que seriam e os que não seriam usados. Para nós, teve a ver com selecionar quem parecia um reflexo da comunidade e escolher o melhor ator, e esse foi o fator determinante no final.

Quando decidiram matar todos os três personagens, vocês pensaram em mudar isso de alguma maneira? É muita coisa em dois episódios.

Dave Erickson: Uma vez que a história estivesse elaborada, seria a história. Uma vez que a história está se desenvolvendo de uma forma específica, essa é a linha que você quer seguir. Não era como se estivéssemos escrevendo aqueles personagens e depois selecionando aqueles personagens com a intenção de “Essa será a cena de morte para esse episódio”. Para aquele episódio, tratava de como refletiria nos próprios personagens e como as coisas se desenvolveriam no curso da temporada. Eu percebo que isso claramente se tornou um problema e é algo de que estamos conscientes. Mas, no fim das contas, trata-se de tentar contar a história da melhor maneira que conseguirmos e selecionar as melhores pessoas que conseguirmos. Eu não voltaria atrás e faria novamente a seleção do elenco só para evitar isso… se não parecer verdadeiro para o personagem ou para a relação – a relação de Alicia e Matt ou de Calvin e Nick – trata-se realmente da realidade do mundo que estamos tentando habitar e de tentar ter os melhores atores para interpretar esses papéis. Quando você está lidando com uma série com um elenco tão diverso quando o nosso, é inevitável que personagens negros sejam mordidos, se transformem e morram. Se você olhar no escopo mais amplo dessa temporada, o que as pessoas verão é que existe igualdade. Nós queremos contar história da melhor maneira que conseguirmos e queremos que os melhores atores interpretem esses papéis. Teria sido um erro ter atores ingleses para esses papéis em particular porque não acho que isso seja honesto com o mundo da série.

Estamos começando a ver Madison e Travis reunirem os indícios – uma mordida, um ferimento à faca – e as pessoas não estão morrendo. E os rumores estão se espalhando conforme Liza e Chris descobrem o que realmente está acontecendo. Como as respostas para esse surto vão variar conforme mais pessoas fora do grupo central descobrirem o que está acontecendo?

Dave Erickson: A maneira que as pessoas vão reagir é essencialmente uma mentalidade lutar ou fugir. Travis e Madison, no segundo episódio, queriam fugir da cidade. Eles percebem que algo realmente terrível está acontecendo, que as pessoas estão ficando violentas e que precisam fugir disso. Se pudessem juntar todo mundo no primeiro ato, teriam partido em direção ao deserto e aguardado. Você vê versões diferentes disso. O personagem do vizinho que vemos no segundo episódio está fazendo as malas e se preparando para ir embora e há coisas interessantes que acontecem com ele na estrada. Os vizinhos do outro lado da rua sabem que algo está acontecendo mas estão onde Madison e Travis estavam no piloto – sabem que há algo errado, mas não compreendem totalmente o que é. O segundo episódio, em certa medida, tem a ver com todos estarem na mesma página e alcançarem um lugar em que reconhecem que as coisas estão desmoronando e não vão melhorar tão cedo. As pessoas estão tentando fugir; as estradas estão bloqueadas e, para alguns, quando perceberem o que está acontecendo, será tarde demais para ir para qualquer lugar.

Travis vê os policiais e os vizinhos estocando água. Por que ele não faz o mesmo?

Dave Erickson: Para Travis, quando ele vê o policial carregando seu carro com água, percebe, “Certo, as primeiras pessoas a responderem a isso agora sabem um pouco mais do que nós sabemos. Isso é mais sério do que eu esperava.” Mas ver uma pessoa com autoridade que está pronta “para abandonar o navio” e Travis ter de ir tomar conta de sua própria família é um desconforto, para dizer o mínimo. Isso torna as coisas muito mais reais. Existem evidências disso no piloto também. O médico que aparece para tratar o senhor ao lado de Nick e a enfermeira, algo aconteceu e ambos os personagens percebem que algumas pessoas sofreram uma parada cardíaca, morreram no hospital, se transformaram, foram levadas para o necrotério e voltaram de lá. Eles estão em uma situação em que, quando qualquer pessoa tem uma parada cardíaca, eles querem levar essa pessoa para baixo imediatamente e mantê-la separada do resto dos pacientes do hospital. Há um assentimento sobre isso e esse é um outro momento em que alguém que reflete nossas instituições está respondendo à questão de uma maneira muito séria. O fato de que esse cara claramente não planeja ficar na cidade aumenta o sentimento de urgência de Travis em encontrar Chris. Porque, se os policiais estão começando a fugir, então é somente uma questão de tempo antes das coisas começarem a desmoronar, então ele precisa encontrar Chris e Liza e levá-los para junto do resto da família, para levá-los para o deserto, onde estarão mais seguros.

A procura por sua família e a tentativa de reunir todos me fez lembrar um pouco da busca por Sophia em The Walking Dead. Por quanto tempo Madison e Travis ficarão separados?

Dave Erickson: Não será por muito tempo. Você começa no piloto com um casal que se ama. Ele teve uma relação que não deu certo antes e ela perdeu seu marido; essa é a primeira relação que eles têm depois disso e eles a valorizam. O fato de que começaram a morar juntos recentemente diz muito sobre a relação deles. Lá para o fim do segundo episódio, a audiência quer que eles se reúnam e que as duas famílias estejam juntas, e eu não quero adiar essa reunião. Definitivamente, não é um arco que tem a duração de uma temporada ou de metade de uma temporada em que essas duas pessoas estão tentando desesperadamente se encontrar; vai ser mais curto do que isso.

Nick teve uma convulsão quando Alicia estava tentando sair de casa. Foi verdadeiro ou ele estava fingindo para proteger Alicia?

Dave Erickson: Quando você está passando por uma crise de abstinência, isso é algo que pode acontecer. Nick, quando ele conta mais tarde para Madison que Alicia tentou sair mas ele a impediu, é preciso ter em mente que ele é um viciado e tenta manipular as pessoas. E isso é o que ele pode estar tentando fazer no momento: convencer sua mãe de que fez a coisa certa, e isso é um esforço, depois de ter causado tanto sofrimento para se reconectar com ela e tentar usar sua irmã de uma maneira para se aproximar de Madison. Mas eu acho que ele não é digno de confiança. A convulsão foi verdadeira. Ele a viu saindo de casa e percebeu, baseado no que viu, que, mesmo que seja muito egoísta, ele ama sua irmã, e isso o levou a um nível emocional que desencadeou alguma coisa.

Madison chega em casa com o sangue de Artie em seu casaco e não está muito bem. Por que Madison não conta a Alicia o que está acontecendo? Essa parece outra pista para o que Madison pode estar escondendo de Alicia de seu passado.

Dave Erickson: É uma pista. Madison faz referência a uma história mais sombria no piloto, e é uma história violenta. Ela passa por um momento no episódio em que está horrorizada, apavorada e destruída pelo que fez. Isso ecoa algo que aconteceu há muito tempo – algo que ela não quer que sua filha saiba. O que Madison faz, conforme avançamos para o fim do episódio, não é um gesto típico de heroína. Ela percebe que sua vizinha do outro lado da rua e a família dela estão em perigo e que seu vizinho do lado se transformou. O primeiro instinto de Alicia é ir lá e tentar ajudar, já que ela não sabe o que está acontecendo lá fora porque não se deparou com isso. É a mesma coisa de Nick estar tentando protegê-la mais cedo no episódio. Em vez de correr pelo quintal e tentar fazer algo, Madison fica tão traumatizada pelo que teve que fazer no episódio – e ela está tão desesperada para proteger sua filha, já que Alicia ainda não viu nada – que ela bate a porta com força diante do apocalipse e tenta manter todos dentro de casa. Isso é algo que exploramos no terceiro episódio: se você tem filhos que está tentando proteger e eles não testemunharam esses fatos não naturais – e Alicia não viu nenhuma dessas pessoas ainda – o instinto de Madison é fechar a porta e esperar que as coisas melhores antes de Alicia precise se deparar com isso. O que, no fim das contas, é uma atitude equivocada.

Nós conhecemos a família Salazar. Além de fornecer abrigo para Travis, Chris e Liza, que papel eles desempenharão daqui para a frente?

Dave Erickson: Os Salazar serão muito importantes. Eles são de El Salvador e vieram para os Estados Unidos nos anos 80, depois da guerra civil em El Salvador, e existe uma história interessante que acompanha isso. Ofelia (Mercedes Mason) cresceu aqui e, quando nós os conhecemos, ela é quem toma de conta de seus pais. Ela os vê sendo um pouco retrógrados e “com comportamentos de seu antigo país”; eles não assimilaram; sua mãe não fala bem inglês. Ofelia se orgulha de ser sua guia e sua defensora quando as coisas mudam, ela perceberá que eles são muito mais confiantes e fortes do que ela imaginava. Eles aprenderão mais uns sobre os outros no curso da temporada.

Por que foi importante ver Griselda (Patricia Reyes Spindola), a esposa de Daniel, rezar em meio ao caos?

Dave Erickson: Ela é uma católica devota e está encontrando certo consolo e certa paz naquele momento e é muito importante notar que, fora ela, Daniel (Ruben Blades), seu marido, não está encontrando esses sentimentos. Ele teve a religião em um momento, perdeu-a e, naquela cena, Ruben fez uma observação porque, quando as coisas estavam desmoronando do lado de fora, ele disse que Daniel deveria estar olhando a política de seguro e tentando entender o que vai acontecer se seu negócio for danificado. Ela está em busca de uma cura legal e ela está buscando a religião.

Indo em direção ao terceiro episódio, a eletricidade está começando a oscilar e o serviço de celular está caindo e voltando. Existe um incêndio na casa ao lado e eles estão sendo forçados a lidar com essa insanidade. A partir de onde o próximo episódio começa?

Dave Erickson: Quando terminamos o segundo episódio, Travis encontrou Chris e Liza e está abrigado com os Salazar. Atravessando a cidade, Madison está em casa e conseguiu os remédios para Nick. Alicia está preocupada com Matt, não faz ideia do que está acontecendo e não conseguiu falar com os pais dele. No terceiro episódio, temos a questão: será que Madison e Travis podem se reencontrar e reunir suas famílias? Uma das ironias da série é que há duas pessoas tentando formar essa família misturada e o único motivo que leva isso a acontecer é que o mundo esteja desmoronando. Nós continuaremos a vê-lo se desfazendo, como Tobias diz, quando a civilização acaba, acaba rapidamente. Veremos mais elementos disso. Veremos mais elementos dessa queda e, com sorte, veremos Madison e Travis se reencontrarem. As circunstâncias serão horríveis, se não forem apocalípticas.

O que você achou do segundo episódio? Comente abaixo!

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Fonte: The Hollywood Reporter
Tradução: Lalah / Staff Fear the Walking Dead Brasil

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