Promovendo Fear the Walking Dead: Entrevista com Frank Dillane e Dave Alpert

Nós tivemos a oportunidade de conhecer e conversar com o elenco de Fear the Walking Dead em duas coletivas de imprensa para promover a primeira temporada da série. A primeira aconteceu durante a passagem do elenco pela Comic Con de San Diego, no hotel OMNI, em Julho. A segunda aconteceu em Beverly Hills, Califórnia, no hotel Four Seasons, em Agosto. Jornalistas do mundo inteiro se reuniram para conhecer um pouco mais sobre a história da série e dos personagens de cada um dos atores que se fizeram presentes. Abaixo você confere os detalhes das entrevistas com Frank Dillane (Nick Clark) e Dave Alpert (produtor executivo).

Como eles descreveram você?

Frank Dillane: Na verdade eles não descreveram. Era tudo muito secreto porque eu não recebi nenhum roteiro, me contaram muito pouco. Eu não sabia que teria aquela aparência, eu não sabia que aconteceria lentamente – aparentemente é isso que as pessoas estão dizendo. Eu não sabia que seria – eu não quero dizer realista – um ângulo meio que posicionado em um drama familiar, o que quer que isso seja. Então eu realmente não sabia nada disso.

Como você construiu o personagem?

Frank Dillane: Eu acho que você se debruça sobre o ponto de vista do personagem e aos poucos se transforma nele. Eu acho que você cria empatia com o que ele viveu ou vê através dos olhos dele ou se coloca no seu lugar, e seres humanos são muito maleáveis. Assim como Michelangelo via mulheres nas pedras e simplesmente tirava todo o excesso e as mulheres surgiam, eu tento ver a atuação assim – que eu tenho milhares, eu tenho todos os personagens já escritos dentro de mim, e eles vivem e respiram dentro de mim. Tudo que eu preciso fazer é tirar tudo que é irrelevante e manter o que é relevante e cultivar aquela flor, abrir a janela e fechar a porta e usar aquele ponto de vista por um tempo, e você descobrirá que sua mente muda muito rápido. Apenas empatia, empatia, empatia.

Eu vi o piloto, e o seu personagem já vive seu próprio apocalipse. Eu quase chorei, é muito interessante a forma como você interpreta, como você vai sobreviver passando por um momento tão profundo? Como você vai sobreviver ao apocalipse? Vai ser fácil pra você?

Frank Dillane: Se ele sobreviver. Ele não é um viciado em drogas, então as drogas não são o problema. As drogas são a solução, e a realidade é o problema. Então se você é um viciado, você tem apenas uma preocupação, onde conseguir sua próxima dose. Nós temos milhares de preocupações, mas para um viciado ele tem apenas uma, e é vida, vida, vida. Onde eu posso viver agora, onde está a vida? E ele está morrendo se não conseguir a próxima dose, então acho que ele já está, ele tem uma única convicção. É uma analogia que continuarei usando porque me ajudou muito, que a heroína é como uma droga onde você está constantemente vivendo e morrendo de acordo com a natureza do seu vício ou da sua dose. Então quando você não usa, suas células de fato começam a morrer porque começam a diminuir e morrer, e quando você usa, as células começam a nascer de novo. Então você está constantemente nesse eixo de vida e morte. Você está mais perto da vida e da morte do que as outras pessoas, e é por isso que a heroína vicia e tem essa qualidade estranha de ser infantil e idoso.

Quais são os desafios associados a interpretar um personagem problemático, que tem problemas físicos e de relacionamento?

Frank Dillane: Eu acho que o principal problema ao interpretar qualquer personagem é que você quer fazer justiça a essas pessoas. Há sempre um medo de colocar medos pessoais em atores, de que você é uma fraude ou um mentiroso. Então quando você está interpretando alguém que tem problemas, ou qualquer pessoa na verdade, você quer garantir que está fazendo justiça a ele. Essa é sempre a minha grande preocupação, porque eu não quero ser uma fraude.

Na TV moderna, como você escreve e interpreta um personagem adolescente ou um jovem adulto sem que eles sejam irritantes ou revoltados? Você quer criar algo novo, mas isso parece real? O apocalipse zumbi traz algo novo para as questões do adolescente ou do jovem adulto?

Dave Alpert: Por causa da preocupação com não fazer o personagem parecer um clichê, nós queríamos começar a partir de uma pessoa real. A ideia é dizer que esses personagens não são referências para outros personagens em L.A. Uma das coisas que achamos interessante foi ter assistido Carl crescer em The Walking Dead, e tudo que ele conhece é o apocalipse, certo? É como se ele tivesse crescido no apocalipse. Adultos já têm sua visão de mundo formada, então vimos que tem algo incrível nesse ponto da infância e da vida adulta onde a visão de mundo – você tem precondições sobre como o mundo será. Isso é formado. Nick sem o apocalipse poderia se recuperar e virar um membro ativo da sociedade, ou se degenerar e morrer sozinho. Nós conhecemos essas possibilidades. Então existe o infinito no meio, e é um lugar interessante para estar.

Vocês estão falando de tópicos como imigração em situações assim, isso tornou as coisas mais reais?

Dave Alpert: Sim, porque The Walking Dead aborda tudo de um ponto de vista muito arquetípico. É uma cidade pequena, ele chegando com uma arma e tentando encontrar o filho. E tem algo convincente e arquetípico nisso, mas ao mesmo tempo não – é como se fosse o ponto de entrada mais convincente, porque muita gente não sabe usar uma arma ou não tem permissão para possuir uma. Então pegamos uma família, todo mundo tem uma família. E se começássemos com uma família com problemas, tentando se manter unida? Todo mundo se sente meio sobrecarregado pela vida, então criamos eles meio sobrecarregados, em um momento não tão bom. E então introduzimos o apocalipse, queremos fazer as coisas de forma real e relacionável para um humano, e então trazer os zumbis. Acho que essa é a base que estamos tentando criar em Fear.

Os relacionamentos e adversidades são importantes na série? Porque os latinos estão assumindo diferentes papéis ou a população está crescendo.

Dave Alpert: É uma parte grande da série, porque é uma parte grande da sociedade, e eu sinto que é algo que, se você situa a série em Los Angeles e não aborda isso, não vai funcionar, então nós queremos abordar a vida real, e é isso que está acontecendo aqui. Mas isso foi feito porque estamos em L.A. e essa é uma realidade do que acontece lá, ao contrário de dizer ei, precisamos falar do aumento da população latina. Eles são grandes consumidores, então vamos falar deles. Foi feito por uma perspectiva criativa e de realismo, ao contrário de uma perspectiva de marketing.

Sobre a linha do tempo, você decidiu como queria esticar para as primeiras temporadas enquanto Rick estava em coma?

Dave Alpert: A primeira temporada se passa basicamente ao longo do coma. Para a segunda temporada nós definimos o aspecto da linha tempo, mas não é algo que… Uma vez que o apocalipse começa de verdade e acaba com a relevância da queda das comunidades ao redor do mundo, a conexão entre Atlanta e Los Angeles também acaba. Assim como a conexão entre o centro de L.A. e Santa Monica, então o mundo se encolhe para a minha família, minha casa, meus quartos, as três coisas que eu consigo ver. Então queremos diminuir furiosamente o mundo.

Fear the Walking Dead estreia mundialmente em 23 de agosto pela AMC. Confira o trailer oficial da temporada e fique por dentro de todas as notícias.

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