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Cliff Curtis explica porque Fear the Walking Dead é mais do que uma série sobre zumbis

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Quando uma série sobre zumbis não é uma série sobre zumbis? Quando for chamada Fear the Walking Dead. Para ficar claro, zumbis estarão na série paralela de The Walking Dead. Muitos. Mas de acordo com o astro Cliff Curtis, os zumbis são meramente um artifício para mostrar o que poderia acontecer caso a sociedade entrasse em colapso por qualquer desastre.

A Entertainment Weekly conversou com Curtis para saber a opinião dele sobre o personagem Travis, o quando ele sabe sobre a série original e os quadrinhos, como ele se sente com a comparação entre as séries, e por que ele não fala a palavra com “Z”.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Como você descreveria o personagem Travis?

CLIFF CURTIS: Eu o vejo como um cara do dia-a-dia, um professor de ensino médio, professor de inglês, apaixonado pela sua comunidade e pela família. Ele é meio que um cara comum nesse sentido, sabe? Ele está entre duas famílias agora, ele é divorciado, e conheceu alguém que ama e está se tornando parte dessa família. Assim, ele tem uma família nova e uma antiga. Ele está tentando criar uma coisa de família misturada. O mundo dele é bem a mulher que ele ama, os filhos que ele ama, e o trabalho que ele ama, e então esse mundo meio que vira de cabeça para baixo.
Gosto da ideia dele meio que ser um anti-herói no sentido de que ele não está muito preparado para isso e ele não está equipado nesse sentido. Você sabe, ele não é um cara de tipo “herói ambulante”, e por isso há espaço para que ele evolua e descubra o que ele vai ser nesse novo mundo.

É interessante você dizer que ele não está pronto para isso porque eu falei com Robert Kirkman e ele comentou que professores provavelmente estão bem equipados para ao apocalipse zumbi sendo que eles precisam lidar com certas situações estressantes e com problemas mesmo sem que isso aconteça, talvez por isso ele tenha adquirido algumas habilidades.

Cliff Curtis: Sim, e essas habilidades são transferíveis no sentido de que ele está muito focado em ajudar as pessoas e cuidar das pessoas, e ele também é um cara que arruma as coisas. Ele é um otimista, ele gosta de consertar coisas, ele gosta de identificar situações controladas em que haja um problema que ele possa consertar, por isso ele vê a vida de maneira que ele seja útil. Por isso ele não é um fraco, ou um frouxo, e ele tem um senso claro de propósito com relação às suas prioridades. Por isso mesmo que ele não esteja preparado para o apocalipse, há essas habilidades transferíveis que inesperadamente serão úteis no sentido de se comunicar com as pessoas. E ele é um cara confiável – ele fala o que pensa e tem intenção naquilo que diz. Ele é um cara destacado e não muito complicado, o que ajuda.

Como ele vai assumir o controle e se tornar um líder quando toda essa situação de zumbis emergir?

Cliff Curtis: Se há um trabalho para ser feito, ele vai fazê-lo. É algo que faz parte dele. É que estamos em uma situação tão bizarra em que a escala do que está acontecendo é muito além do que ele parece estar preparado e das coisas que ele precisa enfrentar. Ele tem uma bússola moral muito sólida também. Por isso a ideia de matar e de violência gratuita – ele passou sua carreira tentando fazer com que jovens se comportassem e acreditassem na bondade da humanidade e na bondade do homem e em ser socialmente consciente e cuidar um do outro e construir uma comunidade. Em um apocalipse, tudo isso desmorona, a cadeia de comando se perde, tudo, é cada um por si. É como se todas as regras mudassem. Os criadores me deram esse papel fenomenal no sentido de que ele é um homem bom em uma situação impossível. Então como se mantém a bondade da humanidade quando tudo está sendo perdido? É um desafio duro, e há complicadores que, para mim são ótimos porque estão enraizados na bondade e eu estou curtindo muito isso.

O mais fácil de se dizer é que esta é uma série de zumbis, e obviamente é, mas vocês todos veem isso como algo mais não é?

Cliff Curtis: Nem usamos essa palavra. Não usamos a palavra com “Z”. Tipo, nem é o que fazemos, e quando li o roteiro eu pensava dessa maneira. Era algo do tipo, “O que? O que é isso? Que série é essa que todo mundo adora? Todos estão falando dessa série!” E quando li o roteiro não parecia ser algo assim. Parecia uma série/drama de uma família da vida real sobre a vida comum das pessoas, e eu fiquei meio confuso. “Não era o que eu esperava.” É algo muito normal e um drama muito bom, e com isso eu fiquei meio “Ok, ótimo. Eu topo. Parece muito interessante.”

O que também é muito bom na série é que no nosso mundo nem sabemos da outra série. Não sabemos o que está por vir ou o que todo esse fenômeno é. Por isso o público sabe muito mais do que nós e é meio como se estivéssemos seguindo em frente, tentando levar nossa vida de forma normal – tipo, pegar as crianças na escola. Ah, a escola não é mais uma escola de verdade. Ah, precisamos pegar umas coisas e ir para a biblioteca, e a biblioteca está tomada, e ah, temos que ir para a ala de emergência. Então isso é descoberta, é mais uma configuração do tipo de um desastre natural onde há um desastre natural, o que quer que esse vírus seja ou essa doença que de alguma forma tomou a nação.

Então os zumbis são figurantes para algum tipo de crise ou desastre?

Cliff Curtis: Pode ser qualquer coisa. Pode ser influenza. Pode ser catapora. Acabou sendo uma doença misteriosa sobre a qual não temos conhecimento, a não ser o quão rápido nossa civilização e tudo o que não valorizamos podem colapsar. E levamos isso a sério, então nesse sentido é muito interessante dizer, bem, como uma família comum lida com o fato de não poder se comunicar por telefone ou entrar em uma situação de emergência se a estrada está bloqueada por essas manifestações? E essas são coisas reais que acontecem agora. Por isso, não é tão forçado. Não é tão distante de se imaginar. E então o lance é, o que acontece se a rede ficar fora do ar ou travada e não sabemos o que está acontecendo? Não sabemos o que está acontecendo no resto do país. Não sabemos o que está acontecendo fora do nosso bairro e não temos como adquirir informação.

É como se o mundo rapidamente se tornasse um lugar assustador, e aí você não necessariamente lida com os infectados ou com a doença. Você lida como o próprio medo e a paranoia sobre o que está lá fora e o que está acontecendo e como lidar com a situação. E essa é meio que a forma como o drama é guiado por impulsos e emoções humanas muito naturais e reais, e é nisso que a série se fixa e se faz interessante para executar.

O quão familiarizado você estava, ou está, com a outra série de The Walking Dead ou os quadrinhos originais?

Cliff Curtis: Eu perguntei aos idealizadores da série se isso era importante, e eles disseram que não importava nem um pouco. Eu sei que é um fenômeno, é uma franquia forte, e eu dei uma olhada e pensei que deveria manter uma certa distância dela porque eu não devo saber o que está acontecendo no mundo. Além disso, acho que precisamos de um pouco de espaço para recriar o que tudo isso é e definir a série da maneira que queremos. Poderíamos criar um mundo totalmente diferente e um público diferente para essa série em contraponto à outra.

Há uma integridade na maneira com que as pessoas estão lidando e criando a série e como eles estão de acordo que nós não devemos tentar agradar ou apaziguar o outro público. Nós temos a liberdade de criar nosso próprio público e criar um universo inteiramente diferente e uma série diferente. Por isso, acho que é bom ter um pouco de espaço que mesmo sendo originário de, você sabe, um criador, e como ele coloca alguns limites que devemos seguir, mas por fora disso é cada um por si. Podemos criar praticamente tudo o que queremos com isso.

Há pontos positivos e negativos em ser uma série paralela ao maior fenômeno da televisão. De um lado, vocês automaticamente geram todo um interesse. Mas novamente, as pessoas vão naturalmente comparar as duas séries.

Cliff Curtis: É isso que eu realmente gosto em todos da série, dos criadores até a AMC – eles não estão preocupados com isso. Essa é uma série solitária. A outra é um colosso. Não vamos competir com o colosso. Seríamos tolos em tentar superar o colosso, sabe? Seria inútil. Tipo, a AMC está indo muito bem com Better Call Saul. Eles fizeram a primeira aposta arriscada com ela, e por isso acho que é ótimo ter essa clareza de que não estamos buscando esse outro público, e está tudo bem se uma parte do público da outra série não necessariamente quiser nos acompanhar. Está tudo certo porque haverá um público para esta série, e não sabemos necessariamente quem eles são agora, mas vamos descobrir quando entrarmos no ar. Mas se você gosta de uma série boa, então provavelmente vai gostar da nossa. Parece uma série muito legal. Há um sentimento muito bom. Nunca se sabe. Nunca se sabe com certeza, mas é possível saber que o sentimento é bom, tipo criativamente está muito bom. Está muito bem coordenada.

Colaborativamente todos trabalham muito bem juntos e há uma leveza nos bastidores. Há uma confiança silenciosa de que estamos fazendo um bom trabalho, e ao final do dia é isso que levamos para a casa, quando você termina o trabalho e vai para a casa. Se vai ou não ganhar a guerra de audiência ou qualquer coisa do tipo, acho que todos podemos ir para a casa no final do dia de trabalho e dizer que fizemos um bom dia de trabalho, e estamos fazendo isso a cada dia e a cada semana. Vamos seguindo. “Foi um bom dia de trabalho.” E assim, temos essa confiança silenciosa em termos do que estamos fazendo, uma confiança calma do tipo que adultos têm. Não precisamos nos vangloriar demais e isso pode dar errado, mas eu me sinto bem por fazer parte disso e parte de uma equipe muito boa, com roteiristas e atores talentosos e pessoas muito gentis e reconhecedoras também, o que ajuda muito em um dia de trabalho.

Fear the Walking Dead estreia mundialmente em 23 de agosto pela AMC. Confira o trailer oficial da temporada e fique por dentro de todas as notícias.

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Fonte: Entertainment Weekly
Tradução: @Felipe Tolentino / Staff Fear The Walking Dead Brasil

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