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Fear the Walking Dead transforma Los Angeles em uma sombra de si mesma

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A nova série de terror zumbi, Fear the Walking Dead, talvez ainda esteja acontecendo em um breve, pré-apocalíptico brilho de Los Angeles, mas não espere que essa nova horda de walkers seja composta de bochechas bronzeadas vestidas de blusinhas excessivamente caras cambaleando pelas ruas de Beverly Hills. A série derivada de The Walking Dead espera firmar seu drama no que um dos diretores da série chama de ‘os bastidores’ de L.A.

O realismo triunfa nessa serie de sci-fi, que focaliza suas lentes nas rachaduras de Los Angeles, na vida diária de L.A. Mas agora, você sabe, com zumbis.

“Há uma tendência nos filmes e seriados de Hollywood serem bem glamorosos e cheios de pessoas lindas, e tudo é brilhante”, disse o produtor co-executivo e diretor Adam Davidson por telefone. “Até os sets de filmagem parecem bronzeados. Todo mundo parece bronzeado.”

Essa não é a L.A. que Davidson conhece de perto.

“Eu cresci em Los Angeles, e sempre senti que essa cidade é bem diferente da que eu sempre via representada na tela… Eu vi o lixo espalhado por todos os lugares. Eu vi a poluição e o ar grosso. Os prédios que pareciam que iam explodir na próxima tempestade de vento Santa Ana. Eu amo os defeitos de L.A. É um lugar frágil, e pra mim isso era bem interessante – contar a história de um mundo que já tem defeitos, e de repente zumbis aparecem.”

Davidson, que dirigiu o episódio piloto de Fear, assim como os dois episódios seguintes, comentou que montar a série nos “bastidores de L.A., no outro lado do rio” permitiu maior autenticidade, e uma nova experiência para a audiência. O diretor também espera que mostrar essa realidade quase-sempre-ignorada fará com que a revelação dos mortos-vivos se torne mais fácil de ser engolida pelos espectadores.

Essa ideia de firmar Fear em uma realidade de L.A.-feia-mais-bonita é como o piloto se manterá separado do muito amado espetáculo cinematográfico, dirigido por Frank Darabont, que foi o episódio de estreia de The Walking Dead em 2010. Quando perguntado como ele se preparou para gravar um episódio piloto de uma série companheira à sombra do sucesso do piloto de The Walking Dead, Davidson afirmou claramente que Fear deveria se firmar por conta própria. O que explica porque o estúdio propositalmente procurou por escritores e diretores que não tivessem trabalhado anteriormente em The Walking Dead. A possibilidade de dirigir um episódio de The Walking Dead circulou Davidson, mas por conflitos de agenda isso nunca chegou a acontecer.

“Ironicamente eu sou agradecido que não deu certo porque isso me tornou elegível para trabalhar com Fear”, disse Davidson.

Ao invés de seguir um grupo de sobreviventes pós-apocalípticos, composto por estranhos procurando refúgio das matas cheias de zumbi da Geórgia, Fear é centrada em uma família lidando com seu próprio drama. Kim Dickens interpreta Madison Clark, uma conselheira escolar, mãe solteira e noiva de Travis Manama (interpretado por Cliff Curtis), que também tem filhos e uma ex-mulher do outro lado da cidade.

A família é o portal de entrada da audiência para o começo do surto e o lento progresso de ataques dos “infectados”, termo que Fear deu aos seus mortos-vivos. The Walking Dead tem walkers, Fear tem infectados. O que é mais uma tentativa de colocar mais um toque de realidade em como essa série enfrentará uma infecção real que transforma seres humanos em corpos reanimados famintos por carne. Não os chame de zumbis… ainda.

Montar a série em áreas nas quais vivem e trabalham famílias reais adiciona um drama a mais. O que você faz quando um surto de mortos-vivos está varrendo a cidade e você está separado dos seus entes queridos por autoestradas, colinas e (mais provavelmente) um bocado de congestionamento?

“Essas colinas cheias de casas empilhadas e juntas, espera-se que no subconsciente da audiência você sempre se lembre que essa cidade está lotada de gente”, disse Davidson. “Se isso está acontecendo com essas pessoas, deve estar acontecendo com outras pessoas espalhadas pela cidade. Você se isola. Com todos esses bairros, não é como se você estivesse facilmente conectado com outras pessoas. As colinas separam você.”

O olhar da série nos cantos mais escuros de L.A. estende-se ao tom de Fear também. Sem raios de sol e pirulitos para os personagens, um dos quais é um viciado em drogas que descobre um dos primeiros “infectados” enquanto cambaleava por dentro de uma boca de fumo coberta de lixo.

“Há essa abordagem mais comum ao filmar Los Angeles onde tudo é brilhante e ensolarado, você elimina todas as sombras,” diz Davidson. “E eu pensei, bom, na verdade quando você mora em L.A. você recua da luz do sol. Você está sempre fechando as cortinas e sentando na sombra. Eu queria adotar as sombras deste mundo, porque se trata do que você não consegue ver. Há essa sombra iminente pairando sobre a cidade, e está crescendo. E as pessoas nem estão cientes disso.”

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Fonte: LA Times
Tradução: @Jessica Storrer / Staff Fear the Walking Dead Brasil

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