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Review Fear the Walking Dead S04E10 – Close Your Eyes: apelativo, mas encantador
Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do décimo episódio, S04E10 – “Close Your Eyes”, da quarta temporada de Fear the Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
O décimo episódio da quarta temporada, Close Your Eyes (Feche os seus olhos), foi ao ar às 22h30 de hoje no AMC Brasil. Com algumas cenas apelativas, o episódio começou parecendo ser mais uma forma de enrolar o público até o décimo sexto, mas ao longo de seu enredo foi se provando necessário, emocionante e encantador.
Alicia, após se desvencilhar de Morgan, acaba encontrando uma casa aparentemente abandonada. Após uma rotineira inspeção, se vê matando uma família de zumbis constituída por um casal, um filho e uma filha – que com certeza lhe lembraram de sua família pré-apocalíptica. O que ela menos esperava é que Charlie já vinha ocupando o lugar desde que fugiu de Luciana no episódio anterior.
O ponto central da história é justamente a luta interna de ambas as personagens, cada uma carregando um turbilhão de emoções que envolvem uma a outra. Enquanto Charlie tenta encontrar uma forma de se redimir com quem foi, procurando uma maneira digna de se despedir da família que habitava naquela casa, vemos Alicia lidar com os sentimentos de rancor pela morte de Madison e Nick ocasionadas pela garota, ao mesmo tempo em que busca preservar os princípios exauridos pela mãe.
Na medida em que uma vai necessitando da outra naquela casa em meio a tempestade, o relacionamento de ambas vai sendo facilitado. Alicia começa o episódio dizendo que jamais conseguirá perdoar Charlie, mas acaba se abrindo para a garota ao longo do tempo.
A ligação de enredo com começo, meio e fim na história entrega um episódio completo. A pequena decisão de Alicia de não resolver o problema da inundação do porão acaba por gerar mais pra frente um risco de morte para ambas as personagens. Uma das cenas, talvez, mais marcantes do episódio é justamente o momento em que Charlie revela que viu seus pais reanimados e que seu maior medo é acabar como eles. Alicia nesse momento lida com o sentimento de altruísmo em atender o pedido da garota, dando-lhe um tiro de misericórdia antes que morram afogadas, e para isso buscando em sua memória o que ela lhe causou (com flashbacks de Nick e Madison) e o sentimento de necessidade de ser humana como sua mãe vinha se tornando nos últimos momentos de vida. Ela se vê incapaz de fazer.
O infectado que Alicia impediu que Charlie matasse no mezanino externo é outro ponto do roteiro que demonstra um episódio bem costurado, já que no final é ele que salva a vida das duas no porão ao cair sobre a saída e arrebentar as correntes que as prendiam.
Entretanto, aqui já cabe a primeira ressalva do redator: a cena é bem costurada com a história, mas demasiadamente apelativa, já que as correntes eram grossas e não sucumbiram à força de Alicia, sendo então questionável sua rendição a um infectado caindo sobre elas.
A segunda cena que me deixou um tanto quanto frustrado é a cena do desmaio de Alicia. Uma simples queda, batendo a cabeça no barro – veja, não foi em uma pedra – acaba fazendo com que a jovem desmaie sendo posteriormente salva por Charlie. A encenação e adaptação da cena ficou aquém do desejado, parecendo que foi uma saída rápida e preguiçosa que o roteirista do episódio encontrou para convergir ao salvamento de Charlie.
Outro grande problema da película é o filtro com tonalidades escuras utilizado, visto que todo o episódio se passa em meio a tempestade e na escuridão e alguns detalhes ficam difíceis de serem identificados pelo público, devido a opacidade. É o caso da cena em que Alicia consegue limpar o duto de saída da chaminé para acender o fogo, não ficou muito claro se o que interrompia a passagem de fumaça era um pássaro, um roedor ou algo além, já que de alguma forma a personagem se dispõe a pedir perdão para aquilo.
Entretanto, a cena, se confirmado ser um pássaro, pode trazer uma grande e profunda relação com Madison. No episódio de número oito, quando descobrimos que a matriarca Clark e Althea já haviam se encontrado, Madison conta para a jornalista que seu grande anseio era que os filhos pudessem viver em um mundo em que eles se importassem com o próximo. Para ilustrar seu desejo, a mãe de Alicia relembra a infância dos filhos, quando eles salvaram a vida de um pássaro, por mais que ela desacreditasse na recuperação da ave, a fé e esperança que as crianças nutriram por ela a salvaram de alguma maneira.
Charlie é o pássaro dessa vez, mas Alicia não parece estar encontrando forma de exprimir quem era na infância. Então quando ela vê o pássaro morto, ela percebe que a “fumaça” em sua vida só poderá partir se ela liberar perdão para o pássaro que obstrui a passagem.
O título foi muito bem aproveitado na temática do episódio, já que ele representa a relação adotada pelas personagens. Fisicamente, o título cita o momento em que Charlie diz que algumas vezes ela fecha os olhos ao ler e tenta rebuscar em sua memória os pais e imaginar como a praia é, sendo depois, quando Alicia e ela já se envolveram aprofundadamente, uma forma de ligação entre elas com a jovem Clark levando-a pela imaginação a conhecer o mar, momento em que Charlie finalmente consegue ressuscitar em seus pensamentos o rosto dos pais quando vivos.
Entretanto, de forma lúdica, “Close Your Eyes” pode se referir a necessidade de Alicia fechar os olhos para o passado e esquecer o que Charlie lhe fez, trabalhando o perdão e lidando com suas dores de forma mais humana e aberta a entender que o antes não é o agora.
Alguns momentos do episódio citam a jornada de Madison. Charlie consegue libertar Alicia do medo que a mãe seja absorvida completamente por seu instinto de sobrevivência. A frase dita por Madison “No One’s Gone Until They’re Gone” (“Ninguém morre até que tenha morrido”) é repetida pelas personagens e a garotinha conforta Alicia lhe mostrando que a matriarca de sua família jamais irá morrer, pois agora é expressa na jovem Clark.
No fim, vemos que ambas vão em busca dos demais sobreviventes, mas acabam não encontrando ninguém. Enquanto Charlie se mostra preocupada com o que aconteceu, Alicia demonstra que está disposta a sobreviver com a garota e que agora lhe aceita como parceira de equipe. Uma Alicia muito mais evoluída do que a que iniciou o episódio. Parece que a chuva veio para renovar a personagem.
Um episódio que tinha tudo para comprovar mais uma vez que pontualidade em personagens divididos não é funcional, mas que a exemplo de Laura, trouxe desenvolvimento grandioso para ambos os personagens envolvidos e repleto de profundidade e emoção, natural da trama dramática aferida à série. Vale salientar que ambos os episódios foram dirigidos por Michael Satrazemis, que se mostra eficiente em desenvolver relações orgânicas entre personagens distintos.
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Fear the Walking Dead vai ao ar as segundas-feiras, às 22h30, no AMC Brasil. Consulte sua operadora de TV para mais informações.
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